Não querendo tirar toda a esperança, mas a vida dos clientes da 123 Milhas ficará ainda mais difícil com o pedido de recuperação judicial bilionário. E o problema não ficará restrito aos consumidores de pacotes e passagens promocionais, que tiveram compras canceladas, mas tende a se espalhar pelos demais, já que está posta a grave situação financeira da empresa.
Se o pedido for aceito pela Justiça, a empresa terá 60 dias para apresentar o plano de reestruturação. Enquanto isso, as dívidas não podem ser cobradas. Depois, tem a renegociação com credores e a apresentação da forma de pagamento, que, muitas vezes, exige um deságio, ou seja, um desconto no valor devido, o que pode ser até pior do que o voucher parcelado que ela vinha oferecendo para os clientes.
Por lei, há grupos que têm preferência para receber pagamentos de empresas em recuperação judicial. Os trabalhadores vêm na frente, mas os consumidores tendem a ficar lá para o final, quando nem sempre sobra dinheiro. Por mais que a agência diga que a recuperação judicial vá acelerar a solução com credores, a ordem de recebimento é determinada por lei.
Ainda assim, a orientação tem sido procurar o canais voltados a consumidor, como o consumidor.gov.br, o Reclame Aqui e Procons. Por mais que não consigam fazer muita coisa, o registro é importante para a ação judicial, que é uma opção interessante.
Enquanto isso, é importante que a 123 Milhas seja transparente e clara na sua proposta de reestruturação. Afinal, precisa amenizar o dano provocado na confiança do consumidor para que consiga continuar vendendo e manter a operação da empresa. Ainda mais pela característica do seu negócio, que é vender para pagar e entregar o que já vendeu.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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