As construtoras seguem anunciando novos empreendimentos, mas as estatísticas mostram como o setor e o consumidor pisaram no freio. No país, os lançamentos de unidades residenciais despencaram 44% no primeiro trimestre. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aponta falta de confiança do empresário do setor.
Segundo recorte do levantamento, que é feito pela Brain Inteligência Estratégica para a CBIC, o Rio Grande do Sul registrou a maior queda de lançamentos da Região Sul. O recuo foi de 44,9%, passando de 5.143 no último trimestre de 2022 para 2.833 nos primeiros três meses de 2023.
As vendas, porém, até subiram 5,2% na comparação com o final do ano passado, passando de 4.389 para 4.616, mas ainda ficam 17,1% abaixo do primeiro trimestre de 2022. As unidades do padrão Minha Casa, Minha Vida são as de maior disponibilidade no mercado, com 5.212 das 18.432 à venda.
O metro quadrado no Rio Grande do Sul está em R$ 9.044 para apartamentos residenciais. Fica abaixo da média da Região Sul, que é puxada para cima pelos preços de Santa Catarina.
Enquanto isso, cresce a expectativa para o Minha Casa, Minha Vida. A medida provisória foi aprovada pelo Senado e aguarda sanção presidencial. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) lembra que o programa foi responsável, desde 2009, pela geração média de 2,7 milhões de empregos e pelo financiamento de 2,5 milhões de moradias, o que equivale a 60% do total financiado no Brasil nesse período.
Conforme a MP, foram definidas três faixas de renda. Nas áreas urbanas, a faixa 1 destina-se a famílias com renda bruta familiar mensal de até R$ 2.640; a faixa 2 vai até R$ 4,4 mil; e a faixa 3 até R$ 8 mil. Em áreas rurais, os valores são equivalentes, mas contados por ano devido à sazonalidade das safras. Assim, a faixa 1 abrangerá famílias com até R$ 31,68 mil anuais; a faixa 2 vai até R$ 52,8 mil; e a faixa 3, até R$ 96 mil. A atualização dos valores poderá ser feita por ato do Ministério das Cidades, pasta que coordenará o programa.
Enquanto isso, o presidente Lula disse que pretende ampliar o programa Minha Casa, Minha Vida e abranger famílias de classe média. A faixa de renda mencionada por ele foi de até R$ 12 mil. O Minha Casa, Minha Vida foi criado em 2009, no segundo governo Lula, mas foi substituído pelo Casa Verde e Amarela, do governo Jair Bolsonaro. Em fevereiro de 2023, a nova versão do programa foi lançada com foco principal nas famílias de baixa renda. A retomada contou com novidades, como a compra de imóveis usados para famílias de renda média, entre R$ 2.640 e R$ 8 mil, antes restrita a imóveis novos. A meta anunciada do novo Minha Casa, Minha Vida foi contratar, até 2026, dois milhões de moradias.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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