Porto Alegre terá um novo - e grande - data center a partir desta semana. Será inaugurada na terça-feira (7) a segunda operação da Elea Digital, do grupo financeiro Piemonte Holding, na Capital. O novo data center já recebeu um investimento de R$ 100 milhões para a primeira fase. O aporte total passa dos R$ 400 milhões, disse o presidente Alessandro Lombardi, que falou com exclusividade ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha. O novo empreendimento fica onde funcionava uma operação da Tim, no 4º Distrito. Confira abaixo trechos da entrevista e a íntegra em vídeo.
Por que fazer esse investimento no Rio Grande do Sul?
Estamos investindo em Porto Alegre porque a vemos como a locomotiva da Região Sul, tem a população mais alfabetizada do Brasil e, apesar disso, tem uma completa falta de infraestrutura digital. Depender completamente de São Paulo para isso em 2023 não faz sentido. Investiu-se muito em portos e aeroportos, o sistema rodoviário é bom, mas a infraestrutura digital é atrasada.
Há um movimento de descentralização desses projetos, reduzindo custo para armazenamento e transmissão de dados?
Mais do que reduzir custo, permite o armazenamento de dados no lugar. Há sistemas complexos de latência e de telecomunicações, mas a verdade é que as empresas gaúchas precisam de computação no Rio Grande do Sul. Elas não podem ter sua área de tecnologia de informação em São Paulo. É uma questão, também, de capacidade de produção. Uma região tão grande, poderosa economicamente, como a Região Sul, não tem, hoje, capacidade de computação disponível para o mercado. Quem precisou, construiu data center para si mesmo, o que é muito mais caro.
Por que é importante para uma cidade ter capacidade de computação própria?
Porque as empresas conseguem diminuir o custo de tecnologia de informação. O data center próprio custa muito mais caro. Quando há uma operadora, consegue abrir espaço para outras empresas, o que diminui os custos. Fizemos isso com a Globo, no Rio de Janeiro, há dois anos. Agora, é impensável a Globo ter um data center em qualquer lugar fora do Rio de Janeiro. As grandes empresas gaúchas vão continuar tendo sua área de desenvolvimento de produto, de software, de capacidade tecnológica no Rio Grande do Sul, então a computação precisa estar perto.
Onde ficará o novo data center?
No 4º Distrito, do lado de uma subestação de energia. Portanto, temos energia à vontade. Escolhemos esse lugar primeiro porque a prefeitura tem um projeto importante de revitalização, assim como aconteceu no cais. Imaginamos que aquela área, daqui a cinco ou 10 anos, vai também se revitalizar, e pode vir a ser um dos motores da transformação digital da cidade.
Ali funcionava uma operação da Tim?
Sim. Nos anos 1970 e 1980, era uma indústria têxtil. Depois, foi adquirida pela Intelig, que depois, foi comprada pela Tim. Era um espaço extremamente grande para a necessidade da Tim, que não precisava de muitos servidores. O prédio já está conectado, porque ele é um dos maiores módulos de comunicação por fibra do Sul. Tem dutos que chegam a vários operadores, o que permitiu encurtar o caminho. Até ter vários operadores em um data center que não era um espaço de telecomunicação, demoraria anos.
Vocês fizeram aporte financeiro de quanto neste segundo data center?
Para a primeira fase deste espaço, que inauguraremos na terça-feira, supera os R$ 100 milhões, o que é de 20% a 25% do total de investimento. Corremos porque realmente tem uma demanda forte de data center na região. E já fizemos um investimento relevante em Porto Alegre em 2020, quando abrimos o data center que era da Brasil Telecom e que também remodelamos, no bairro Bela Vista (veja fotos abaixo).
Quem são os clientes no Estado?
Hoje são 42 clientes em Porto Alegre, principalmente do mercado financeiro, portanto bancos e cooperativas de crédito. Do mercado de telecomunicações também. Há algum ente público. Tem provedores de tecnologia de informações e um pouco de indústria e varejo.
Quantas pessoas vão trabalhar? Já foram contratadas? Que tipo de profissionais empregam?
Hoje, diretamente, são 70 pessoas. A ideia é dobrar este número ao longo da maturação do segundo endereço. Se considerar os indiretos, já chegamos a algumas centenas. São estruturas de grande porte. E sem considerar toda a mão de obra de tecnologia de informação, de desenvolvedores e de técnicos de computação que operam no nosso data center por conta do cliente. Trabalhadores na obra, foram 200. Aliás, estamos inaugurando com três semanas de antecedência. Não foi fácil. A eficiência gaúcha ajudou.
No ano passado, a Elea Digital comprou por R$ 325 milhões cinco data centers da Oi, em recuperação judicial. Também adquiriu recentemente uma estrutura da Globo. Além de Porto Alegre, atua em Curitiba, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. No início de 2022, recebeu também investimento do Goldman Sachs. Os recursos estão sendo usados na expansão dos data centers.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna