O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
O último mês de 2022 foi também o que registrou o maior número de empresas inadimplentes do ano no Rio Grande do Sul. Foram 358.767 negócios com dívidas atrasadas, cerca de 2 mil a mais do que em novembro — que já tinha batido o recorde de 2022. Os débitos superam R$ 8,2 bilhões, conforme o levantamento enviado à coluna pela Serasa Experian. Apesar de ser o maior registro do ano passado, não é o maior de toda série histórica. Esse foi atingido em março de 2020, o mês de início da pandemia.
Ainda sobre os dados de dezembro, foram cerca de 3,46 milhões de dívidas em atraso no Estado. Cada uma delas foi de, em média, R$ 2.377,88. Esse valor, chamado de "ticket médio", é o maior de toda série histórica até agora. É o aumento de preços refletindo, também, no cenário de contas atrasadas.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, trata-se de uma reação em cadeia, que começa coma inadimplência dos próprios consumidores. E como o índice de contas atrasadas do consumidor ainda está elevado, a situação complicada das empresas deve perdurar.
— O impacto da inflação começa no bolso do brasileiro, que tem seu poder de compra e de pagamento afetado e acaba impactando o fluxo de caixa das companhias. Para que haja melhora deste cenário, é necessário investir na reorganização financeira, com renegociação de dívidas junto aos credores e contenção de gastos até que a economia sinalize positivamente uma melhora — diz.
O monitoramento mostra que o problema não é só gaúcho. Também do Sul, Santa Catarina bateu recorde de contas a pagar vencidas, e o Paraná ficou estável, só abaixo do recorde de novembro. Nacionalmente, o indicador manteve o pior cenário de negativação, que já tinha alcançado em novembro, desde 2016. No ranking do país, São Paulo lidera com o maior número de inadimplentes, o que não surpreende pela quantidade de empresas existentes no Estado. É seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e, então, Rio Grande do Sul.
A análise por setor revelou que mais da metade das empresas inadimplentes atua no segmento de serviços (53,6%). Em sequência, está a parcela do comércio (37,4%), indústria (7,7%), setor primário (0,8%) e outros (0,4%).
Lembrando que endividamento não é o mesmo que inadimplência: no primeiro caso, refere-se a qualquer conta em dívida (inclusive parcelamento de compras). Já a inadimplência se dá quando a dívida não é paga.
Micro e pequenas empresas
A maioria das inadimplentes costumam ser micro e pequenas empresas. Em dezembro, elas representaram 89,5% dos negócios negativados no Estado. Foram 321.296, contra 319.419 de novembro. Em dezembro de 2021, eram 321.341, bem parecido com os últimos números disponibilizados.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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