A economia gaúcha fechou 2022 com um avanço de 1,1%, segundo o Índice de Atividade Econômica Regional do Rio Grande do Sul (IBCRRS), considerado uma prévia do PIB. Apesar da estiagem do verão passado, indústria, varejo e, especialmente, serviços fecharam o ano com crescimento, segundo os dados do IBGE. Ainda assim, o resultado ficou bem abaixo da média nacional, para a qual o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apontou crescimento de 2,9%. Aqui, a diferença é provocada pelo agronegócio, que sofreu estiagem.
Os serviços avançaram 11,3% no Rio Grande do Sul com uma recuperação, após o setor ter sentido o maior baque da pandemia. Havia um consumo represado e o dinheiro das famílias voltou a ser gasto com serviços, após dois anos sendo muito direcionado à compra de bens. Já o varejo gaúcho cresceu 7,1%, com destaque para a venda de combustíveis, que tiveram redução de preço com o corte de tributos. Porém, perdeu bastante fôlego com a Copa do Mundo, eleições, inflação e juro alto, com quatro meses de recuo na finaleira do ano.
A indústria foi a que cresceu menos, 1,1%. Importante observar que a base dela não era tão baixa porque sentiu menos impactos da pandemia. No ano passado, também melhorou a oferta de insumos, impactada fortemente em 2021 por gargalos logísticos mundiais.
A agropecuária tende a aparecer mais no cálculo do PIB, que é feito trimestralmente e demora mais para ser divulgado do que o indicador do Banco Central. O índice calculado pelo IBGE tem apontado impactos piores da quebra da safra do verão passado do que o IBCRRS. A safra de inverno foi ótima, especialmente pelo trigo, mas ela é pequena para compensar o prejuízo anterior e o atual.
Em dezembro, a atividade econômica gaúcha recuou 2,41% sobre novembro. Para 2023, a palavra ainda é incerteza. Empresas seguram investimentos e até reduzem suas operações, o que é observado especialmente no varejo. Ainda tenta-se decifrar com clareza qual será a tendência do novo governo especialmente quanto às contas públicas, com seus consequentes impactos na inflação e na taxa de juro.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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