Postos de combustíveis do Rio Grande do Sul já estão recebendo aumentos de R$ 0,15 a R$ 0,30 no litro da gasolina vendida pelas distribuidoras. Um dos argumentos apresentados às revendas é o custo do frete para buscar o combustível, já que a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, fez uma parada para manutenção. Além disso, também apontam alta do preço do etanol. Nas usinas, a elevação não foi intensa, segundo o centro de pesquisas da Universidade de São Paulo (Cepea-USP).
Porém, há uma perspectiva de espaço para subir o preço do etanol com a volta dos impostos federais sobre a gasolina na virada de fevereiro para março. Aliás, o mesmo movimento ocorreu em dezembro, quando distribuidoras e postos aumentaram os preços do combustível antes da volta da cobrança dos tributos, mas a isenção determinada no governo Jair Bolsonaro acabou sendo prorrogada por Lula até agora.
O sindicato que representa os postos do Rio Grande do Sul (Sulpetro-RS) informa que o aumento ocorre mais para os postos de bandeira branca, que têm menor poder de negociação com as distribuidoras.
- Estamos apreensivos não somente com esta alta no preço da gasolina e com a falta do produto no mercado, mas com a provável elevação que deverá ocorrer nos próximos dias com o retorno da cobrança de PIS e Cofins - complementa o presidente, João Carlos Dal'Aqua.
A coluna recebeu relatos que apontam o litro da gasolina custando entre R$ 4,69 e R$ 5,06 em postos de Porto Alegre.
No dia 28 de fevereiro, encerra-se o prazo da desoneração dos tributos federais sobre a gasolina e o álcool. A isenção terminaria em janeiro, o que era, inclusive, uma vontade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para dar mais fôlego às contas públicas. Porém, uma ala política do governo Lula pressionou pela prorrogação para evitar o impacto impopular da medida. Aliás, esse grupo segue achando que o prazo deve ser maior. A reoneração colocará R$ 28,9 bilhões nos cofres da União em 2023.
A medida provisória de Lula prorrogou Pis e Cofins zerados para gasolina e etanol até 28 de fevereiro. Já óleo diesel, biodiesel e gás natural tiveram o benefício estendido até 31 de dezembro. A isenção começou em julho do ano passado após uma lei federal de Bolsonaro que passou no Congresso, mas foi taxada de eleitoreira. Ele também determinou a redução do imposto estadual ICMS sobre combustíveis, energias e telecomunicações, que continua sem prazo de mudar, apesar da pressão dos governadores devido à queda da arrecadação.
Para segurar os preços, o petróleo teria que cair com força no mercado internacional. O movimento, porém, depende atualmente só da perspectiva de crescimento da China, que tem oscilado bastante após o fim da política de covid-19. No Brasil, há uma esperança do governo federal de que o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tire da cartola alguma medida que reduza preços sem mexer na política de preços a ponto de estressar o mercado e, por consequência, o dólar.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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