Maior produtora de biodiesel do país e com sede em Passo Fundo, a BSBios tomou mais um financiamento do Santander com juro menor para investimento em sustentabilidade. São R$ 40 milhões, que se somam aos R$ 60 milhões anteriores. CEO da BSBios, Erasmo Battistella detalhou os planos da empresa, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
No que a empresa investirá mais esses R$ 40 milhões?
Assim como o crédito anterior, o objetivo é financiar a cadeia de fornecedores com foco em matérias-primas sustentáveis. O primeiro foi muito baseado no óleo reciclado que usamos para produção de biodiesel, inclusive remuneramos cooperativas de recicladores para que nos entreguem o insumo. A operação agora está muito focada em certificar um mais produtores e fornecedores para atingirmos tanto o mercado brasileiro, no programa RenovaBio, quanto exportar o biodiesel para Europa, Estados Unidos e Canadá.
Ampliarão as matérias-primas?
Elas continuam as mesmas. O que mais vai ser trabalhado agora são as certificações. A europeia, por exemplo, tem vários pré-requisitos que a BSBios e a cadeia de fornecimento precisam atingir. O programa de certificação tem quatro categorias: verde, azul, prata e marrom. Na marrom, a matéria-prima só pode fornecer biodiesel paro mercado brasileiro. Na verde, que é a mais alta, podemos fornecer para Brasil, Europa, Estados Unidos e Canadá. Produtores, cooperativas e fornecedores terão remuneração adicional pela certificação, além de ter as melhores práticas do nossa programa muito focadas no ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança).
Quantas famílias estão envolvidas no projeto?
Temos 12 famílias em uma cooperativa de recicladores de Passo Fundo, com a primeira linha de crédito que fizemos com o Santander. Estamos ampliando agora para outras cidades e empresas. Acabamos de firmar parceria com o Madero, recolhendo todo o óleo da rede de fast-food e trazendo para produzir biodiesel na BSBios.
Há resistência de empresários brasileiros quanto a exigências da Europa sobre sustentabilidade, mas a BSBios está exatamente investindo para atendê-las...
Venho falando já há alguns anos que precisamos passar pela certificação das cadeias produtivas. Uma muito próxima da nossa, que a de proteína de frango, é toda certificada, rastreada para poder fornecer para mercados mais sofisticados. Entendo o posicionamento de alguns empresários em função das exigências que mercados, como a União Europeia, nos impõem, mas o fato é que o cliente coloca as regras do que ele quer comprar. No caso do biodiesel, há outros fornecedores que podem atingir esse mercado, então a BSBios preferiu se adequar para continuar exportando. Neste ano, aumentamos a venda e, em 2023, queremos subir ainda mais. Há seis anos, abrimos um escritório na Suíça justamente para abrir esse mercado. A certificação é fundamental, e não adianta ser somente da indústria, precisa ser de toda a cadeia produtiva.
Recentemente, o grupo que controla a BSBios comprou uma escola centenária e tradicional no Rio Grande do Sul: o Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo. Quais os planos?
Tenho me envolvido pessoalmente para resgatarmos o IE, estamos fazendo uma reforma bastante ampla. Dia 14 de fevereiro, quando voltam as aulas do próximo ano, a escola estará toda revitalizada. O nosso objetivo, como companhia e como família, é iniciar um novo ciclo, com muito respeito a esses 103 anos de história que a escola tem em Passo Fundo, que ajudou a formar muitas lideranças da nossa cidade, do nosso Estado e que moram no Brasil e fora. Aqui na BSBios, temos um compromisso muito grande com essa pauta do ESG e com os 17 Objetivos De Desenvolvimento (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas). O número quatro é educação de qualidade, justamente é o objetivo de resgatar o IE. Acreditamos que, através da educação, com o tempo, vamos mudar esse país. É uma grande responsabilidade, já trouxemos pessoas para nos ajudar a tocar o dia a dia da escola. Estamos vendo a comunidade receber muito bem, e vamos continuar trabalhando. Quem tem 103 anos agora tem que olhar para os 200.
Crédito verde
Nesse modelo de financiamento com foco em ESG, o Santander oferece um incentivo ao cliente mediante cumprimento de metas para indicadores ambientais, sociais ou de governança preestabelecidos em contrato. Nada mais é do que a redução da taxa de juro, essencial para qualquer crédito. Cada indicador é avaliado considerando a realidade do negócio, buscando uma evolução do desempenho socioambiental do cliente, afirma head de Green Finance do Santander Brasil, Alex Sciacio:
- O bom andamento da primeira operação nos encaminhou para esta nova transação. Um dos seus diferenciais é a implantação de um programa que abrange a cadeia de fornecedores de uma forma mais ampla, que é um tema bastante material para o setor.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
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