Com queda nos investimentos e ondas recentes de demissões, o setor de startups busca um amadurecimento. No primeiro semestre, as gaúchas receberam aportes de US$ 24,9 milhões, valor 67% menor do que no mesmo período do ano passado, segundo a plataforma Distrito, com apoio do Bexs Banco. Confira abaixo trechos e no final da coluna ouça a íntegra da entrevista com o presidente da Associação Gaúcha de Startups, Bruno Bastos, no programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
O que tem provocado a queda de investimentos e as demissões?
Os investidores estão tirando um pouco o pé, devido ao cenário político e econômico do Estado e do país. Eles não pararam de investir, mas, pela volatilidade, estão menos propensos a risco extremo, o que é o caso de uma startup. É importante entender que uma startup é uma empresa que potencialmente tem risco na sua natureza, seja para validar um problema, desenvolver uma solução, tecnologia, pessoas e conseguir investimento. Quanto às demissões, sabemos que isso acaba sendo comum por conta do modelo de negócios de bastante risco.
A saída do investidor tem alguma relação com o juro alto, que melhora a rentabilidade da renda fixa?
O investidor de startup não necessariamente é também, por exemplo, da bolsa de valores. Embora o perfil seja parecido, o tíquete do aporte é bem diferente. Aqui no Rio Grande do Sul, prevalecem os investidores-anjo, que estão na fase inicial e onde estão também as aceleradoras. Temos uma grande plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) no Estado, e isso tudo é venture capital (investimento de risco em empresas com potencial de crescimento). Aí, sim. Mas quando falamos dos mais robustos - R$ 10, R$ 20, R$ 50 milhões para cima, já na fase avançada de empresas constituídas, com corporação e muitos funcionários - não teve tanta alteração.
O recuo do investidor fará startups mudarem a forma de conduzir o negócio?
É importante frisar que quem vai investir em startup não pode esperar uma rentabilidade de curtíssimo prazo, como se fosse dividendo. O investidor pode ajudar o empresário a prever motivos de fracasso e até mesmo de pivotagem (mudar o rumo do negócio) desnecessária em determinados momentos. Se for analisar, negócios que tiveram demissão em massa, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, são modelos bastante arriscados, voltados ao consumidor, como Uber e iFood. Precisa de muito dinheiro para o negócio ficar de pé. Quando o crescimento não acompanha e o dinheiro termina antes, a startup precisa, eventualmente, fazer demissões ou até mesmo deixar de ter um produto. Ela volta para o modelo de negócios que tinha, até que o mercado volte a crescer.
As startups gaúchas têm mais foco em atender empresas e não diretamente o consumidor final. Essas estão se saindo melhor?
Sim. Aqui no Estado, temos cerca de mil startups e Porto Alegre comporta cerca de 60% de todas as gaúchas. A maioria está em fase de operação e até pré-operação. Apenas 10% estão com o modelo de negócios validado. Valem de R$ 10 milhões até R$ 100 milhões, pouquíssimas acima disso. Metade é B2B, que vende para empresas. Os modelos que são intermediários representam 30%. Já com foco direto no consumidor, são menos de 20%.
Ouça a entrevista completa:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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