O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
As startups gaúchas receberam um investimento de US$ 24,9 milhões nos primeiros seis meses do ano, um valor 67% menor do que no mesmo período do ano passado. Os números estão em um levantamento enviado à coluna pela plataforma de inovação Distrito, com apoio do Bexs Banco. Para a pesquisa, foram considerados aqueles aportes vindos por Venture Capital, uma modalidade de investimento na qual os recursos são aplicados em empresas com expectativas de crescimento rápido e rentabilidade alta.
Com os resultados, o Rio Grande do Sul ficou em sexto lugar no ranking de investimentos em startups. Foi uma colocação a menos do que em 2021, quando recebeu US$ 70 milhões em aporte.
— Do que eu vejo, o cenário político e social impacta. E como startup é um ativo de risco, o investidor que põe esse dinheiro para ter retorno de longo prazo está optando por ativos menos voláteis, que talvez não darão a mesma quantidade de retorno do que uma startup, mas que se manterão estáveis — comenta o presidente da Associação Gaúcha de Startups, Bruno Bastos.
Diretor de investimentos da mesma associação, Alexandre Caputo também enviou suas percepções à coluna. Para ele, os últimos anos foram de muita liquidez no mercado, com aumento de consumo e taxas de juros mundiais nos mínimos históricos. Isso elevou os investimentos. Com o atual cenário de inflação, porém os fundos preferem ser mais cautelosos, e a régua de decisão fica mais alta.
A pesquisa mostra, porém, que apesar do valor dos investimentos terem caído bastante, o número de negociações, chamadas no setor de deals, se manteve o mesmo, de 13, nos dois semestres. É o que destaca o coordenador de Projetos de Inovação do Sebrae RS, Alcir Cardoso Meyer.
— O pessoal não está deixando de investir, mas está mais cauteloso. Investindo menos. E se olhar investimento de pre-seed, que é aquele investidor que tem uma carteira menor e investe nos negócios no início, ali não foi afetado. Mostra que essas startups estão com potencial bem interessante — analisa.
Outro cenário é considerado pelo cofundador do Distrito — empresa que realizou o estudo — Gustavo Araújo. Para ele, as startups sentiram os efeitos do cenário macroeconômico e, diante disso, estão mudando a operação, privilegiando caixas mais sustentáveis em detrimento do crescimento exponencial. Até porque, com menos dinheiro, as startups precisam investir com mais cautela, já que é preciso lidar com o dinheiro por mais tempo. É o que ajuda a explicar, também, algumas ondas de demissões que estão sendo vistas, principalmente em startups maiores e da região sudeste do país.
Considerando todo o Brasil, as startups captaram US$ 2,92 bilhões ao longo de 327 transações nos seis primeiros meses do ano. No mesmo período do ano passado, foram US$ 5,26 bilhões em 416 negociações.
"Private Equity" ganha força
Se por um lado as venture capital têm caído, pesquisas apontam que os investidores estão olhando com mais afinco para o private equity, uma modalidade em que o investimento é feito em empresas de maior porte, e em geral de capital fechado. Uma pesquisa feita pela KPMG e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) mostra que, nos seis primeiros meses do ano, os investimentos nesse modelo atingiram R$ 16,5 bilhões, uma alta de 600% em relação ao mesmo período do ano passado.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.