A discussão sobre os preços dos combustíveis é importante, mas está cansativa. Tem uma mistura de jogo político e desconhecimento sobre a cadeia econômica que não levará a lugar algum. Ao fim e ao cabo, enquanto dependermos de petróleo, isso será cíclico. Agora, é a guerra entre Rússia e Ucrânia. Em outro momento, será mais um conflito no Oriente Médio. Antes, talvez venha o aumento do consumo de combustíveis com a retomada da economia mundial e a China religando os motores.
O petróleo vai acabar, segundo alguns especialistas, em cerca de quatro décadas. E a guerra fez a Europa pisar no acelerador na discussão da transição energética. Ela não quer depender do gás russo, cuja alta de preço está até tirando o apoio dos europeus às sanções à Rússia.
Quando a coluna esteve na Holanda há poucas semanas com a comitiva da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), autoridades e empresários de lá estimulavam os gaúchos para o hidrogênio verde: "produzam, nós vamos comprar". A ideia é que esse seja um combustível de futuro, gerado a partir de fontes renováveis, especialmente energia eólica. Mas os estudos sobre ele ainda estão acontecendo, novas cadeias econômicas precisam ser estruturadas, o que exigirá investimentos gigantescos. Não é de uma hora para outra, mas precisa começar. Seja com o hidrogênio verde, seja com outro combustível.
O que inquieta é ver o Brasil como coadjuvante nesse debate necessário, com todo o seu sol, seu vento, suas ondas do mar (na foto, uma usina no Ceará) e sua agricultura pujante para gerar matéria-prima para biomassa. Isso que, além da guerra, recém enfrentamos mais uma escassez hídrica provocada por falta de chuva, o que derrubou os reservatórios das hidrelétricas e transformou a conta de luz na vilã da inflação de 2021.
Sim, temos muitos parques eólicos e usinas solares, mas ainda representam pouco no total da matriz energética. Além disso, vamos "na carona" das exigências de outros países ou agimos só quando o bolso começa a doer e pressiona a opinião pública. Na torcida para que, em breve, não precisemos mais tanto discutir preço de gasolina e diesel. Quem se antecipar, sairá na frente neste novo cenário global.
A gasolina sobe, também, lá nos Estados Unidos. Ouça aqui:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.