As restrições da política de covid zero na China não estão mais apenas desacelerando a economia do país, que é motor mundial. Elas já estão provocando o recuo em atividades econômicas, com efeito dominó em outros países, como no Brasil. Esse foi um dos assuntos da entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o professor de Economia da New York University de Xangai e da Fundação Dom Cabral Rodrigo Zeidan, que mora em Xangai, centro financeiro da China que está com confinamentos há 45 dias. Confira trechos abaixo e o áudio da entrevista completa no final da coluna:
Como é a capacidade da economia chinesa de se recuperar após o confinamento?
Olha, eu vou ser sincero. A economia está caindo, e o governo fez uma escolha, que é o covid zero. Se a economia vai cair ou não, essa é a escolha. Na verdade, o governo chinês entrega para a sociedade duas coisas: ordem social e crescimento econômico. Ele e parte da sociedade consideram que o vírus é desordem, é caos. Então, o governo fez uma escolha para entregar a covid zero. Muita gente revoltada aqui porque acha que essa estratégia de covid zero funcionava muito bem até a Ômicron, e que não vai funcionar, que o governo vai ficar dando murro em ponta de faca e não vai conseguir controlar o vírus. A economia vai cair, vai continuar caindo e não tem nenhuma perspectiva. O governo só vai anunciar estímulo para recuperar a economia depois de controlar a covid. Eu não vejo saída no curtíssimo prazo, não. É para o Brasil se preocupar porque a demanda dos produtos brasileiros pela China deve continuar caindo nos próximos meses.
Há a possibilidade de o governo chinês voltar atrás?
Há uma possibilidade, mas eu não acho que o governo vai fazer. Está rolando na internet que Xangai vai começar a abrir de verdade no dia 1º de junho, porque o governo anunciou que vai ter que abrir e vai dar um jeito de abrir. Se isso vai ser realmente uma abertura que vai trazer a economia de volta, eu acho difícil. Mas pode ser, o governo pode mudar. Mas no momento, pelo contrário, quando a gente achou que ia abrir porque era o dia 1º de maio, que era o grande feriado, e que e que os casos estavam caindo, teve até dois dias no final de abril que não teve caso de transmissão comunitária, o governo anunciou que não só não ia abrir como ia ficar mais pesado ainda, para ter certeza de que teria covid zero.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.