Em um mês, os preços dos alimentos subiram a metade da alta de todo o 2021, também a metade da inflação geral do ano passado. A cesta básica de Porto Alegre saltou 5,51% em março sobre fevereiro. É um aumento altíssimo. Para se ter uma ideia, no acumulado de 2021, a elevação foi de 10,92%.
O Dieese pesquisa mensalmente 13 itens, que estão somando R$ 734,28. Em 12 meses, a alta chega a 17,79%, se aproximando do dobro da inflação geral acumulada no período. Técnica do instituto em Porto Alegre, Daniela Sandi observa que são aumentos que ocorrem em cima de patamares já altos.
- O governo teria que atuar para tomar medidas específicas para mitigar os efeitos. Não fazer nada está saindo muito mais caro. Mesmo que a inflação fosse zero, com os níveis salariais do Brasil, o custo de vida ficou muito elevado para os salários vigentes. Vai ficando cada vez mais difícil para o consumidor ter acesso a esses alimentos básicos - diz Daniela.
E para quem pesa mais a comida? Para as famílias de baixa renda. Está cada vez mais difícil absorver essa elevação, que precisa disputar orçamento com outros gastos, como combustíveis e energia elétrica.
O destaque de alta de março foi o tomate, que ficou 23,5% mais caro. O final da safra afetou a oferta. Em segundo lugar, está o leite, que teve um salto de 9,84% no preço. O item pesa bastante no orçamento. Alta de custos e estiagem têm sido os motivos apontados por produtores.
- O aumento nos custos da produção de leite, a diminuição nos estoques de derivados lácteos e a competição por matéria-prima entre as indústrias sustentaram a elevação nas cotações do leite UHT.
Pão e banana subiram mais de 6%. A redução da oferta de trigo com a guerra e as reservas argentinas já tinham sido alertadas pela coluna. Óleo, batata, farinha e até mesmo o arroz, que vinha com queda de preços, ficaram mais de 5% mais caros. Com altas menores, mas ainda relevantes, a pesquisa ainda considerou carne, feijão, café, açúcar e manteiga.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o novo secretário Estadual de Agricultura, Domingos Velho, disse que a chuva recente tem beneficiado os hortigranjeiros, o que tende a melhorar a oferta. Porém, não são só eles que estão aumentando de preço. Além disso, tem uma inflação intrínseca e disseminada na cadeia econômica, inclusive na de alimentos. Um dos motivos disso é aumento de preços em combustíveis e energia.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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