Firmando posição abaixo dos R$ 5, o dólar intensificou a queda nesta quinta-feira (24). O recuo logo após a abertura supera -2%, com a cotação de venda chegando a menos de R$ 4,80, o menor valor em dois anos. O movimento surpreende, mas tem explicação. Em geral, uma guerra gera incerteza, o que tira investidores dos mercados emergentes, leva para o dólar e provoca elevação da cotação da moeda e desvalorização das demais.
Porém, há outros fatores no cenário atual, que provocam valorização do real frente ao dólar. Veja alguns:
1 - Selic: a taxa referência da economia brasileira está em dois dígitos, com novas elevações à vista. Isso deixa a rentabilidade de aplicações no Brasil mais atrativa para investimentos estrangeiros, atraindo dólares.
2 - Commodities: o receio de falta de suprimentos com a guerra no leste europeu faz as commodities agrícolas, metálicas e de energia dispararem. Como o Brasil é exportador, isso traz mais divisas para o país, elevando oferta de dólar.
3 - Bolsa barata: há quem ainda ache que a bolsa de valores brasileira está barata. Ou seja, o investidor vê potencial de ganhos nos papéis, mesmo em um cenário adverso para as empresas. Especialmente, claro, as ações de empresas que trabalham com commodities.
4 - Aversão ao mercado russo: a Rússia é um país emergente como o Brasil. É óbvia a resistência que os investidores têm neste momento em investir ou manter investimentos por lá. Outros mercados, portanto, atraem esse capital, como o Brasil.
Por que a gasolina não está caindo, então? Porque o petróleo segue subindo com a guerra. O barril está em US$ 120. A alta dos combustíveis, escassez de insumos e aumento da energia elétrica acabam corroendo o espaço que a queda do dólar traz para reduções significativas de preços.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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