Com a queda do dólar que chegou a ficar abaixo de R$ 5 já no menor patamar desde junho do ano passado, surge o questionamento se a Petrobras irá reduzir o preço dos combustíveis. Especialmente, claro, da gasolina. Realmente, o câmbio é um dos dois fatores considerados pela estatal para mexer nos valores nas refinarias, de onde sai o combustível que vai para a distribuidora e, depois, para os postos. Porém, há outro: o petróleo.
O ouro negro, ao contrário do dólar, está ficando mais caro nos últimos dias. Com a operação da Rússia na Ucrânia, a cotação do barril já supera US$ 100 pela primeira vez em sete anos. A combinação destes fatores faz com que a refinaria brasileira esteja vendendo gasolina mais de 10% abaixo do preço internacional. Ou seja, pela política de preços da Petrobras, a estatal poderia até aumentar valores agora. Não deve fazê-lo, no entanto, já que a empresa costuma evitar reajustes em momentos de forte volatilidade e também aguardar defasagens superiores a 15%, acrescenta João Fernandes, economista da Quantitas Asset.
A alta do preço do petróleo no exterior tem inviabilizado importações, diz a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis. A defasagem média do diesel está em 8%, e da gasolina em 11%, segundo a entidade. Em Araucária, no Paraná, a defasagem da gasolina chega a 13%. Tradicionalmente, a associação se posiciona contra a Petrobras não aumentar preços quando há defasagem. Deve, inclusive, levar o assunto novamente ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Por mais que o dólar ajude a conter a inflação, isso não significa queda de preços. Talvez, uma alta menor. Além dos combustíveis, a análise se estende aos alimentos. Além do próprio efeito do diesel, os fertilizantes tendem a ficar - ainda - mais caros. Há receio de impacto da guerra no leste europeu no fornecimento do importante insumo agrícola. Mais localmente e além dos grãos negociados globalmente, temos ainda o efeito da estiagem nos preços de alimentos que pesam na inflação, como hortigranjeiros.
Veja também outros efeitos da guerra no leste europeu: Do petróleo a fertilizantes, os riscos econômicos da escalada da tensão entre Rússia e Ucrânia
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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