É... Com a alta de janeiro, o juro do rotativo do cartão de crédito passou dos 350% ao ano. A marca já era esperada, considerando que as taxas de linhas de crédito ao consumidor estão subindo sem parar desde dezembro de 2020, antes mesmo de o Banco Central elevar a Selic, que é a referência da economia brasileira. Aliás, como ela subiu novamente na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a tendência é de novos aumentos, certamente os empréstimos ficarão ainda mais caros. Prepare-se.
Pela pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) em janeiro, o juro do rotativo passou para 13,44%. Com isso, uma dívida atrasada por um ano no cartão de crédito aumenta 354,15%, ou seja, quase quintuplica. Lembrando que essa é uma média, ou seja, há taxas ainda maiores no mercado.
O rotativo nada mais é do que um empréstimo pré-aprovado pela instituição financeira, de fácil acesso e tentador. Quando o consumidor não paga a fatura e nem negocia antes do vencimento, o valor já entra nesse crédito com juro estratosférico. Então, evite usar o crédito, busque outros empréstimos mais baratos e, se não conseguir, negocie um juro menor antes do fechamento da fatura mensal.
A pergunta frequente é: por que o juro do cartão de crédito é tão alto? A diferença fica ainda mais gritante ao observarmos que a Selic está em 10,75% ao ano (ao ano!). A formação das taxas pelos bancos, apontando um spread bancário (custo do crédito) altíssimo é uma discussão antiga. Difícil desvendar a caixa preta. O principal argumento por parte das instituições é a inadimplência dos clientes nas linhas de crédito. Mas sabe-se que, por ser de fácil acesso e muitas vezes usada por consumidores que não têm acesso ou busca informações sobre outros empréstimos, acaba-se abusando. Além disso, o segundo juro mais alto é o do cheque especial, que só não é maior porque tem um teto limitado pela legislação.
Procura recorde
Apesar do juro altíssimo, as concessões de empréstimos por meio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas bateram recorde em 2021. O Banco Central faz a pesquisa há 10 anos. O crédito concedido pelas instituições financeiras somou R$ 224,7 bilhões em 2021, uma média mensal de R$ 18,7 bilhões. Isso representa um crescimento de 23% na comparação com os 182,7 bilhões (ou R$ 15,2 bilhões por mês), registrados no ano anterior.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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