Um projeto de agricultura familiar com 28 anos de história tem investido, também, no turismo rural para atrair novos clientes. É a Frutícola e Viveiro de Mudas Freiberger e Andrioli, de Alto Feliz, que leva os turistas para debaixo dos parreirais para colher e consumir uvas. A propriedade, que trabalha também com o cultivo de mudas para venda a produtores, começou a plantar uvas em 2013. Hoje, são três hectares plantados, dois deles cobertos, utilizando-se da técnica de plasticultura.
— A nossa história com uva de mesa é um pouco peculiar. Era um hobby que meu tio tinha, ele plantava três fileiras, e muitas vezes acabava perdendo a produção por conta do clima. Aí, meu pai sugeriu cobrir uma fileira. Naquele ano, a fileira coberta rendeu 300 quilos de uvas de mesa, que a família consumiu. No ano seguinte, cobrimos as três fileiras e começamos a abrir a propriedade para as pessoas virem comprar a fruta — conta Miguel Andrioli, um dos oito membros da família que cuida do espaço.
Neste ano, mesmo com a estiagem, a propriedade seguiu trabalhando com sua proposta de receber turistas e clientes no espaço e proporcionando a colheita de uvas de mesa. Um dos motivos pelos quais a produção se manteve foi o sistema de irrigação que a família tem no terreno desde o início da produção. Se, por um lado, períodos secos aumentam a qualidade das uvas por deixá-las mais doces, por outro, estiagens prolongadas podem diminuir bruscamente o volume de uvas colhidas, gerando prejuízos. Para Andrioli, é impossível falar em fruticultura sem pensar em sistemas de irrigação.
— Hoje, em qualquer investimento na área da fruticultura, é necessário um projeto de irrigação. A gente nem conversa mais sem pensar nesta linha. A gente está passando por um tempo em que os verões têm secas, chuvas irregulares. Temos um reservatório que comporta o consumo da água que vamos precisar para produção para não ter perdas. Hoje, a gente olha como um retorno do investimento feito na propriedade.
A frutícola da família tem hoje dois sistemas de irrigação. Um por gotejo e outro chamado sistema bailarina, que consegue abranger um raio de cinco metros de alcance. Como reservatório, são usados açudes e água da chuva, que é coletada por meio de uma rede de calhas interligadas ao pavilhão da propriedade. Para instalação do sistema, em 2012, foram investidos R$ 25 mil.
— São valores altos. Para quem está começando, é um gatilho dizer que foram investidos cerca de R$ 25 mil só na irrigação, mas é um bem necessário. A gente vê que o investimento se paga sim. Mas sempre usando com muita consciência, principalmente sobre água. Estamos sempre monitorando para ver se o reservatório vai dar conta de abastecer antes da safra, até a uva ficar madura, ou outra fruta ficar propensa. E a estiagem continua preocupando, principalmente se ela durar muitos anos.
Visitas à propriedade
Hoje, dos três hectares plantados, dois são destinados a uvas mais tradicionais de consumo, as niágaras, e outro para uvas de mesa — que na propriedade são inteiramente usadas para o projeto de turismo rural. Já a plantação de uva niágara é para consumidores fixos, como supermercados da cidade. O que sobra também pode ser comprado pelos visitantes.
A visita acontece todos os dias da semana. O turista que chega ao espaço é recepcionado por um dos oito membros da família, que acompanha o visitante ao longo de todo o passeio, explicando os tipos de uva e também contando a história do local. Não é cobrada entrada. Neste ano também adotaram, aos fins de semana, opções gastronômicas preparadas pela própria família.
— Nos finais de semana vêm muitas famílias. Foi pensando nisso também que colocamos opções de gastronomia. Temos parceria com uma choperia do município, que vende bebidas, e preparamos quitutes para serem consumidos dentro da comunidade. Essa é a linha dos finais de semana. Mas também atendemos durante a semana, porque o período de safra não permite que a gente abra só aos finais de semana, não daríamos conta — explica Andrioli.
O espaço fica em Canto Canela, no interior de Alto Feliz. O grupo familiar é composto por Jair Fernando Freiberger, Teresinha Freiberger, Jailson Freiberger, Mário Antonio Andrioli, Diana Andrioli, Joel Andrioli, Miguel Andrioli e Betina Andrioli. A propriedade também tem parceria com a Embrapa, que cultiva no local tipos de uva vindas do Vale do São Francisco. Quanto ao preço das uvas, há valores diferentes de acordo com as variedades.
Cultivo de mudas
Além da atração turística, a propriedade segue com a atividade pela qual surgiu há 28 anos, cultivando mudas para venda a produtores. Hoje, o foco é nas videiras. Por muito tempo, produziu cerca de 60 mil mudas por ano, mas com o avanço tecnológico, consegue, hoje, atingir 110 mil.
— No início, a enxertia era feita diretamente na roça e demorava dois anos para ter o processo pronto. Hoje, conseguimos finalizá-lo em oito meses. A enxertia é feita dentro de um galpão, passa por uma câmera de ar quente e depois vai para o viveiro para fazer raiz. É mais seguro e mais rápido.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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