A decisão do Banco Central de elevar a taxa de juro em 1,5 ponto percentual não surpreendeu o mercado, mas o comunicado sim. A autoridade monetária foi dura, ou, como o setor financeiro fala, hawkish. Ficou evidente que seu foco será controlar a inflação, o que gera uma preocupação maior ainda com a alta de preços.
O texto remete pouco à atividade fraca da economia, considerando que o PIB do terceiro trimestre colocou o país em recessão técnica. Os dados de varejo e da indústria em outubro também já mostraram que último trimestre não começou bem. Mas o comunicado do Comitê Monetária do Banco Central (Copom) chamou apenas de “evolução moderadamente abaixo do esperado”.
Já sobre a inflação, o recado foi forte. Ela aparece do início ao fim do texto por diversas vezes. Nem deu espaço para se esperar uma redução do ritmo de alta da Selic, avisando que a reunião de fevereiro muito provavelmente trará nova alta no mesmo ritmo. O juro subirá, com isso, para 10,75% ao ano:
"O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude.", disse.
Juros, em especial de curto prazo, vão reagir. É possível também alguma influência sobre o dólar, já que juro alto tende a evitar alta maior ou até reduzir a cotação da moeda norte-americana em relação ao real.
Aumentar juro é um remédio amargo. Ameniza inflação, mas com crédito mais caro e restrito. Isso afeta a atividade econômica.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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