Rede gaúcha criada em 1950, o Grupo Grazziotin acaba de anunciar um investimento de R$ 62 milhões em novas lojas e na repaginação no visual de suas atuais operações. Nos três Estados do Sul, a empresa, que tem sede em Passo Fundo, conta com 321 lojas divididas em cinco marcas: Lojas Grazziotin, Tottal, Pormenos, Franco Giorgi e GZT. O programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, falou sobre os investimentos, o atual cenário da empresa e projeções com Renata Grazziotin, presidente do grupo. Confira:
Como começou a empresa que hoje é o Grupo Grazziotin?
A empresa surgiu a partir de um movimento de quatro irmãos que se instalaram em Passo Fundo, em 1950. Hoje, estamos com 71 anos. Ao longo desse tempo, tivemos várias transformações. Começamos como atacado de secos e molhados. Depois de entrar na bolsa de valores em 1970, tivemos muitas modificações. Hoje, somos cinco redes.
Vocês têm capital aberto desde a década de 1970?
Exatamente. Desde 1979, somos de capital aberto e tivemos grandes transformações, como o varejo. O varejo é muito dinâmico, e a Grazziotin sempre teve uma inovação constante, faz parte dos nossos princípios. E ao longo dos anos, a gente foi mantendo aquela cultura da empresa, ser uma empresa familiar, dar valor para as pessoas. Ser humano como valor maior é o nosso primeiro princípio.
Veja a entrevista em vídeo:
Quais são as marcas e empresas que estão sob o guarda-chuva do Grupo Grazziotin?
Tem a rede de lojas Grazziotin, que foi onde tudo começou, é nosso marco inicial e continua sendo muito forte, principalmente no interior do Estado. Depois, vieram as lojas Tottal, que hoje foi repaginada - era material de construção, hoje está mais com produtos para o lar. Tivemos a entrada das lojas Pormenos, que é mais popular. A última rede nesse formato foi a loja Franco Giorgi, que é moda masculina. E nós temos a nossa caçula, que é a rede GZT. A gente viu que o consumidor estava com necessidade de praticidade. Já fazem dois anos que estamos com esse projeto, e ele estava devagar. E com a pandemia, aceleramos muito ele. É o que a gente chama de um marketplace físico, porque nas lojas GZT temos produtos da Grazziotin, da Tottal, da Pormenos e da Franco Giorgi. Facilitamos para o cliente, tendo em um único local produtos de todas as marcas.
E essas lojas são menores?
É de acordo com a cidade, o potencial. A loja se adapta à cidade e ao bairro.
As 321 lojas ficam no Rio Grande do Sul só?
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nosso perfil é de lojas de Interior. Temos muito mais lojas em cidades pequenas, de até 10 mil habitantes, do que nas grandes capitais.
Quantos funcionários tem o grupo?
Mais de 2,6 mil funcionários.
Recentemente, vocês enviaram para o mercado um fato relevante informando um investimento de R$ 62 milhões, que é um aporte financeiro que vocês estão fazendo para expansão, investimento no digital. Pode detalhar?
Nós começamos, no início do ano passado, e a pandemia acelerou para todo mundo, a modificação das nossas lojas. As lojas estão sendo repaginadas com um novo visual merchandising, tudo para levar o cliente a uma compra mais confortável, mais agradável dentro das nossas lojas, modernizando vários aspectos, desde aplicativo para pagamento, consultas, e também algumas lojas novas que teremos ano que vem dentro de todas as bandeiras. É bem amplo esse nosso objetivo do ano.
E essas lojas vocês vão abrir na região Sul?
Sim. Nós nos identificamos com a região Sul. São lojas de pequeno porte, cidades pequenas. Essas são nossas identificações e ficamos fiéis a esses valores de cidades pequenas. O cliente vai na loja, gosta de conversar, ser bem tratado, ser chamado pelo nome.
Quais são as mudanças de visual merchandising?
São várias mudanças no sentido de o cliente enxergar melhor o produto, poder pegar o produto, enxergar as combinações de produtos. Que ele tenha uma loja mais agradável aos olhos. O seu alcance. Diferentes tipos de exposição de produtos. O próprio sistema de caixa mais agradável para ele, que se sinta mais acolhido, provadores mais confortáveis. Nesse sentido do cliente interagir também mais com a mercadoria principalmente.
E dentro dessa expansão, vai ter um aumento no número de funcionários?
Sim, provavelmente. Para cada loja nova que a gente abre, os colaboradores vão aumentando. As pessoas são um elo fundamental para nossos clientes. O cliente que compra em loja física gosta desse atendimento, esse encantamento que tem, chegar e ser super bem atendido, com aquele sorriso nos olhos, que a gente diz agora. Antes, a gente falava no sorriso com a boca, agora é sorriso com o olhar.
Vocês conseguem com facilidade essa mão-de-obra para as lojas do interior? Pessoal do varejo reclama, principalmente na Capital e na Região Metropolitana, dessa dificuldade. Há muita rotatividade de funcionários. Vocês enfrentam isso também?
Ah, com certeza. Esses desafios são os mesmos para todos do varejo. E a gente sempre quer que o nosso colaborador tenha a intenção de continuar mais tempo conosco. A identificação é fechar os valores, os princípios, com a cultura da empresa, é fundamental para que ele fique mais tempo conosco. Que ele goste do seu trabalho, que ele goste do que ele faz. Tão bom a gente ir todos os dias em um lugar que a gente se sente bem.
Agora vocês estão fazendo investimento, expandindo. O varejo tem enfrentado desafios. A economia em geral, mas o varejo está com o desafio de, por um lado, ter o consumo de vingança, o desejo represado, por outro lado, tem a questão da inflação, que tem corroído o poder de compra dos consumidores e também tem pressionado os custos das empresas. Como vocês têm lidado com isso?
O poder de compra, é fato, diminuiu para todos nós. O que a gente vem fazendo é atuando no melhor formato de entrega para nosso cliente. Se ele quer receber o produto em casa, ele pode. Ele quer comprar no site e receber na loja, também é um formato. Quer comprar por WhatsApp, também pode. E eu acredito que nesse tempo agora, as condições de pagamento tem sido um fator importante para nosso cliente. Nós fazemos em até 12 vezes sem juro, conforme a campanha que nos encontramos. Hoje estamos em 12 vezes sem juro em todas nossas lojas. Então, facilitar para nosso cliente é o mais importante.
Nesse investimento de R$ 62 milhões, vocês enfatizaram que será por recursos próprios, mesmo sendo uma empresa que está desde a década de 70 na bolsa de valores. Essa é uma política tradicional de vocês, de usar recursos próprios da empresa em investimentos?
Sim. Culturalmente, é uma coisa que herdamos dos nossos antecessores, a empresa sempre tem crescido com recursos próprios. Faz parte das nossas características. Tivemos esse aporte na bolsa de valores, que facilitou lá no início. A Grazziotin foi a startup dos anos 70, que foi impulsionada pela bolsa de valores.
Vocês têm a sede em Passo Fundo, que é uma região muito pujante do agronegócio. Tem anos que é complicado, como quando tem estiagem, mas neste ano, por exemplo, a pujança do agronegócio deu um fôlego para recuperação da pandemia. Tem essas peculiaridades de desempenho de safra?
Sim. Nós temos diversas indústrias que fazem parte de cada região. Temos regiões que dependem exclusivamente do agronegócio. Outras que têm muita produção de leite. Outras de suíno. É muita diversidade só nesses três Estados.
Quais são as projeções de vocês?
Nós sempre acreditamos que somos nossos maiores competidores. Então, nosso desafio sempre é superar o ano anterior, e continuar nos superando através do tempo. Acreditamos que quem faz a diferença são as pessoas que estão lá na ponta, nas nossas lojas, atendendo os clientes todos os dias. Esse que a gente pensa que é o nosso maior desafio, trabalhar as pessoas, os funcionários. Fazer com que cada um dê seu melhor para que o cliente saia satisfeito e volte para nossas lojas.
Vocês recém divulgaram o balanço do terceiro trimestre de 2021. Como estão buscando esse reequilíbrio financeiro, considerando, inclusive, medidas que vocês tiveram que tomar no ano de 2020?
No ano de 2020, nós fechamos 112 lojas. Então, nós fizemos o que se falava uma vez que é a tal da reengenharia. Diminuir as despesas para, com esse novo tamanho que formatos, conseguíssemos ainda alavancar as vendas. 2020 foi um período de consolidação, e, com certeza, esse resultado que estamos tendo agora nesse terceiro semestre se deve a esse trabalho em que nós tivemos todo o auxílio da nossa equipe.
Mas vocês abriram lojas em 2021? E pretendem abrir mais dentro desse investimento que falávamos?
Sim. Com certeza. Parte desse investimento é para novas lojas, parte é para reformulação das lojas atuais, e parte do investimento também para e-commerce, como divulgamos no fato relevante.
E tem previsão do número de lojas que vocês planejam abrir?
Ainda não. Mas assim que a gente tiver, podemos voltar a conversar.
Ouça também no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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