Uma das mais conhecidas empresas de transporte por aplicativo, a Uber baniu motoristas em todo o Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul, a Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma-RS) estima que 500 profissionais tenham sido bloqueados. Eles atuam, essencialmente, em Porto Alegre e na Região Metropolitana. O motivo da medida é o cancelamento de viagens, o que vinha sendo uma reclamação frequente dos clientes.
Presidente da Alma-RS e motorista de aplicativo, Joe Moraes confirma que os motoristas realmente estão cancelando várias corridas ao identificarem o trajeto solicitado. No entanto, explica que não há viabilidade econômica para o profissional aceitar mais todos os chamados, considerando a disparada nos preços dos combustíveis nos últimos meses. O insumo é um dos principais custos da atividade.
- É inviável andar três ou quatro quilômetros para buscar o passageiro e depois andar mais três ou quatro quilômetros para ganhar a tarifa mínima da Uber, que é de R$ 5,21. O litro da gasolina está custando, no mínimo, R$ 6,39 - argumenta Moraes, que acrescentou não ter ocorrido aviso prévio por parte da Uber.
Recentemente, a Uber reajustou valores de repasse aos motoristas em algumas regiões do país, mas não aqui no Rio Grande do Sul. A outra empresa, a 99, aumentou em 10% a tarifa mínima no final da semana passada. Segundo Joe Moraes, passou de R$ 5,00 para R$ 5,50.
Durante a pandemia, a demanda de passageiros caiu bastante. Na ponta final, para o consumidor, o preço da corrida acabou ficando mais baixo porque havia menos tarifa dinâmica e mais descontos. Agora, a situação mudou. O aumento já aparece como impacto na inflação oficial do país, onde o transporte por aplicativo já pesa mais do que o transporte coletivo no cálculo. Os apps realmente revolucionaram a mobilidade urbana. Será necessário, para breve, um ajuste de mercado para solucionar a situação.
Atualização: Procurada, a Uber enviou uma nota de resposta após a publicação desta coluna. Nela, rebate o número da associação, dizendo que não foram excluídos "500 motoristas em Porto alegre". De qualquer forma, a Alma-RS fez uma estimativa para o Rio Grande do Sul, não apenas para a Capital. A Uber diz que foram 1,6 mil profissionais no país. Confira a nota na íntegra:
"A Uber não excluiu 500 motoristas de sua plataforma só em Porto Alegre, como afirma a associação ouvida pela reportagem. Dos cerca de 1 milhão de motoristas e entregadores parceiros cadastrados na Uber, 0,16% do total apresentaram - de maneira recorrente - comportamentos que prejudicam intencionalmente o funcionamento da plataforma. Com isso, atrapalham outros motoristas e usuários que apenas desejam gerar renda ou se deslocar.
Motoristas parceiros são profissionais independentes e, assim como os usuários, podem cancelar viagens quando julgarem necessário. Cancelamentos excessivos ou para fins de fraude, porém, representam abuso do recurso e configuram mau uso da plataforma, pois atrapalham o seu funcionamento e prejudicam intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas. A Uber tem equipes e tecnologias próprias que revisam constantemente as viagens e os cancelamentos para identificar suspeitas de violação ao Código da Comunidade e, caso sejam comprovadas, banir as contas envolvidas.
Comportamentos como a prática de cancelar diversas viagens em sequência e logo após terem sido aceitas prejudicam negativamente todos que usam a plataforma porque, de um lado, impedem que outros motoristas parceiros gerem renda atendendo as mesmas solicitações de viagens canceladas, e, por outro, deixam os usuários esperando mais tempo ou até desistindo da solicitação.
O abuso no cancelamento de viagens não tem nada a ver com a liberdade do motorista parceiro de recusar solicitações. Na Uber, o motorista é totalmente livre para decidir quais solicitações de viagem aceitar e quais recusar. A conexão entre parceiro e usuário - quando nome, modelo e placa do carro são compartilhados e o usuário recebe a confirmação de que o motorista está a caminho - só ocorre depois do motorista ter conferido as informações da solicitação (tempo, distância, destino etc.) e decidido aceitar a realização da viagem."
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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