Os saques superaram os depósitos na poupança em R$ 9,919 bilhões em agosto, conforme dados no sistema do Banco Central. É um valor alto para esta época do ano. Tradicionalmente, uma quantidade grande de resgates acontece em janeiro e fevereiro, quando as pessoas precisam do dinheiro para pagar contas de início de ano.
Não é um acontecimento restrito ao mês passado. Na verdade, se mostra uma tendência. Economista da Quantitas Asset, João Fernandes lembra que o ano passado registrou o movimento contrário:
- Com elevação substancial da poupança acumulada em termos agregados. Como os gastos foram cortados substancial pelas restrições de circulação (lazer e transporte, por exemplo). Houve uma formação de poupança bem grande, com contribuição também do auxílio emergencial.
Agora, há uma reversão do processo, com elevação de gastos que desfaz essa poupança feita no auge da pandemia.
- Ao longo dos próximos meses, acredito que continuaremos vendo uma recomposição do emprego, o que vai elevando a renda agregada na economia e diminuindo o ritmo destas retiradas da poupança. O mesmo vale para o consumo. Por hora, está rodando em um nível alto dada a demanda reprimida por serviços. Ao longo do tempo, essa demanda vai sendo atendida e devemos ver um arrefecimento. Ainda assim, deve ser mais frequente observarmos retiradas maiores do que depósitos na poupança.
Além disso, a inflação alta sem que o mercado de trabalho retorne ao patamar pré-pandemia deixa o orçamento familiar mais apertado. Muitos poupadores recorrem ao dinheiro da caderneta para fechar as contas do mês em um comportamento semelhante ao de início de ano.
Para fechar, tem ainda quem saia da poupança porque a caderneta acumula há meses perdas no poder aquisitivo do dinheiro depositado. Como ela rende 70% da taxa de juro Selic, está com uma rentabilidade anual de 3,68%. Apesar de estar subindo, não chega nem perto da inflação, que acumula uma alta de preços de 9,3% em 12 meses no país pelo IPCA. Como o Banco Central está subindo o juro, investimentos de renda fixa ganham um pouco mais de atratividade para o dinheiro que está na poupança. Mas atenção que nem todas as aplicações desse tipo conseguem ganhar da inflação.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe:
Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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