O Rio Grande do Sul tem o 10º maior nível de endividamento das famílias no país. O resultado apareceu em uma pesquisa especial mais detalhada divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Como esse dado tem batido recorde, a entidade resolveu analisar mais profundamente o que está ocorrendo, trazendo também o ranking de Estados. O Acre fica no topo (93,7%), enquanto Santa Catarina tem o menor percentual de famílias endividadas (50%). O Rio Grande do Sul está com 79,3%, frente a uma média nacional de 72,9%.
Para a CNC, a alta contratação de dívidas é, motivada, principalmente, por fatores como a inflação elevada e a demora na recuperação do mercado de trabalho. Isso fecha, inclusive, com o que a coluna publicou na última sexta-feira (3) apontando para um alto montante de resgates da poupança no mês passado. Para fechar as contas do mês, o poupador precisa sacar o dinheiro guardado. (Relembre: Três motivos para a poupança ter perdido R$ 10 bilhões). Outra forma de "vencer o mês" é recorrer a crédito para complementar a renda. Se é algo pontual, não há grandes problemas. Afinal, o crédito também é motor da economia. A situação fica delicada ao tornar-se frequente, por exemplo, para comprar comida ou pagar contas fixas com crédito, já que são gastos que ocorrem todos os meses. As parcelas vão se acumular somadas à despesa tradicional do mês.
Com o juro baixo, a concessão de crédito aumentou muito. No entanto, as taxas começaram a subir e continuarão em alta, acompanhando a elevação da Selic pelo Banco Central. No entanto, um alerta necessário é para a qualidade das dívidas. A maior parte delas é com o cartão de crédito, que tem o juro mais alto do mercado no caso de o consumidor não pagar a fatura e cair no rotativo. Se isso ocorrer, o endividamento vira inadimplência, que - ainda bem - segue baixa segundo a pesquisa. Estar endividado não é estar inadimplente. Quem assume uma dívida, como compras com cartão de crédito ou financiamento do carro, está endividado. Vai virar inadimplente se não pagar até o vencimento. No Rio Grande do Sul, são 22,4% das famílias com contas em atraso, segundo a Fecomércio-RS. O dado nacional aponta 25,6%.
"Em agosto, a proporção de dívidas no cartão de crédito renovou o recorde histórico, alcançando 83,6% das famílias endividadas no País. A proporção de pessoas com dívidas nessa modalidade está quase 5 pontos percentuais acima do patamar de fevereiro de 2020, antes da decretação da pandemia. Os financiamentos de automóveis, por sua vez, aumentaram quase 3 pontos percentuais, enquanto as dívidas nos carnês, muito difundidas entre as famílias de menor renda, cresceram 2 pontos percentuais.", detalha a CNC.
Como diz a CNC, o endividamento no cartão está em "franca ampliação". O aumento ocorre nas duas faixas de renda da pesquisa, abaixo e acima de 10 salários mínimos. Entre as famílias mais pobres, o orçamento apertado leva ao maior uso do cartão de crédito para compra de itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de higiene. Já as famílias de renda mais alta estão usando mais o cartão de crédito no consumo de serviços. Outros alertas da CNC são para o aumento da parcela da renda comprometida com dívidas e para o fato de que o crédito continuará ficando mais caro.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe:
Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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