A escassez de insumos que tem atingido o setor automobilístico e a mudança de comportamento dos clientes levou os preços dos carros de entrada, mais conhecidos como "populares", às alturas. Para se ter uma ideia, o carro mais barato do país no primeiro semestre do ano no levantamento da KBB - o Fiat Mobi - estava saindo por R$ 44 mil em junho, um aumento de cerca de 15% em relação ao preço de janeiro, quando custava R$ 38 mil.
A coluna também procurou o preço de outros veículos considerados de entrada. Pela Tabela Fipe, um Onix Hatch zero quilômetro está saindo por R$ 65.129 em setembro. Em janeiro, custava R$ 57.572, e em setembro de 2020, R$ 54.483. Algo parecido acontece com um Polo que está avaliado em R$ 68.268. Há um ano, ele custava R$ 56.013. A depender da tecnologia embarcada nos carros de entrada, os preços são ainda maiores, passando dos R$ 70 mil. Após novo reajuste, o hatch de entrada do Gol, da Volkswagen, custa R$ 88.630 na versão mais completa.
O aumento segue uma tendência do setor, que tem elevado os custos pela falta de insumos, principalmente de semicondutores. Quando o material chega, conta Paulo Siqueira, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincodiv-RS), ele é destinado a veículos com maior valor agregado.
- A oferta está severamente prejudicada nesse momento, principalmente pela crise de matéria-prima e em especial os semicondutores. E eles são utilizados em larga escala, inclusive em veículos de entrada. Isso eleva os preços - fala Siqueira.
No caso dos veículos de entrada, também é preciso levar em conta a mudança no comportamento dos clientes nos últimos anos. Isso porque eles, hoje, não são os mesmos "carros populares" da década de 1990, quando o termo ganhou força no Brasil.
Na época, montadores adequaram seus carros a exigências legais para ter alíquotas menores. Com isso, foram produzidos veículos com motor de mil cilindradas, de duas portas, com nenhuma ou pouca tecnologia agregada, mas mais baratos. Hoje, mesmo os carros zero quilômetro mais em conta já saem das montadoras com mais recursos, o que eleva os custos.
- Um carro de entrada, mesmo sendo mais simples, nem se compara com os carros populares do fim do século passado e início dos anos 2000. Hoje, os veículos, por mais simples que sejam, têm componentes de ultima geração, ar-condicionado, air bag, vidro elétrico, direção hidráulica ou elétrica - comenta Siqueira.
Segundo o presidente da entidade, a preferência dos consumidores quando vão comprar carros zero quilômetro é por veículos de maior valor agregado, como SUVs. No caso de carros de entrada, a busca é maior por seminovos.
- Está cada vez maior a busca por tecnologia embarcada. Quando o consumidor vai comprar um carro e não tem condição financeira de comprar um veículo de entrada com mais recursos, ele opta pelo mercado de seminovos.
Como a coluna noticiou aqui, a falta de matéria-prima também tem impactado o preço dos seminovos. Veja mais: O carro que você comprou pode estar valendo mais agora; veja o impacto no seguro
*Com Daniel Giussani
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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