Ao mesmo tempo em que vinícolas gaúchas estão batendo recorde na venda de vinho e espumante, elas enfrentam a falta de insumos. Especialmente, de vidro, que é essencial para as garrafas das bebidas. Segundo o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Argenta, algumas empresas do setor estão buscando as embalagens até na Espanha.
- No ano passado, já deixamos de entregar um bom número de produtos por não termos embalagens. Neste ano, se acentuou muito mais. Temos empresas com milhões de garrafas em pedido, sem poder entregar. E as indústrias brasileiras que nos fornecem não conseguem ampliar, porque tecnicamente não é só fazer mais garrafas, são fornos que precisam ser feitos. Não é algo de curto prazo - comenta.
Com isso, surge a dúvida: por que não reutilizar as garrafas? A coluna fez a pergunta para Deunir Argenta e também para o enólogo André Gasperin, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE). Confira as respostas:
Deunir Argenta, presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra):
É possível. Só que, para vinhos finos, dificilmente se recupera porque é um vinho de valor agregado, tem que ter muitos cuidados. Se tu comprar uma garrafa por mais de R$ 4o, R$ 50, não pode encontrar alguma sujeirinha, um bico lascado, nada disso. Então, a maioria das indústrias opta por não reutilizar. No caso dos garrafões, muitas indústrias que trabalham reutilizam o garrafão. Mas hoje é muito pouco, porque os garrafões estão diminuindo bastante. Em compensação, aumentam as garrafas de vidro e pet.
André Gasperin, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE):
Existe uma problemática que para as empresas que operam com grandes volumes: não tem uma padronização, principalmente dos tamanhos das garrafas. E hoje a linha de envases, principalmente, não tem recursos para trabalhar com garrafas de vários tamanhos. Seria um complicador. Outra questão é que espumantes têm uma garrafa mais pesada, envazado a altas pressões. Na garrafa reutilizada, não se tem a garantia de que vai aguentar essa pressão de envase e pós-venda, tempo de prateleira e tudo o que envolve o processo. Essa questão da reutilização pode ser uma alternativa, mas tem de ser trabalhado de uma maneira mais específica, né? Creio que até meados do ano que vem esse problema do vidro esteja resolvido, todos torcemos para isso.
Confira a entrevista com Deunir Argenta:
E com André Gasperin:
*Colaborou Daniel Giussani
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe:Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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