A Petrobras aumentará em R$ 0,0935 o preço da gasolina nas refinarias, uma alta de cerca de 3,5%. A estatal começou a comunicar as distribuidoras na manhã desta quarta-feira (11), confirmaram fontes. O novo valor entra em vigor nesta quinta (12). Não haverá alteração para o diesel.
Os aumentos ocorrem nas refinarias, onde a estatal define dos valores. Ela considera dois fatores para reajustar combustíveis: dólar e preço do petróleo no mercado internacional. Segundo o cálculo do economista da Quantitas Asset João Fernandes, o preço da gasolina estava desfasado em 11% na comparação com o Exterior. Com o aumento, a diferença cai para 7,5%.
Mesmo com a elevação de juros pelo Banco Central e a injeção de dólares pelo governo dos Estados Unidos no mundo, as incertezas políticas e econômicas do Brasil dificultam uma valorização do real frente ao dólar. No caso do petróleo, há uma tendência de queda com o aumento da produção mundial a partir de agosto com o acordo dos países exportadores de petróleo, que formam a Opep.
Desde que mudou o comando da estatal, os reajustes passaram a ser mensais. O general Joaquim Silva e Luna e demais diretores assumiram em abril, garantindo que seria mantida a política de preços de paridade internacional, mas com reajustes menos frequentes. Desde então, foram duas quedas e uma elevação. Mas a última alta, aplicada no mês passado pela Petrobras, foi forte. A gasolina subiu R$ 0,1571 e o diesel, R$ 0,1023 (+3,7%).
Liberação no mercado
A notícia da alta de preços vem no mesmo dia em que o governo federal decidiu antecipar-se à consulta pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e liberou a venda de combustíveis de outras marcas nos postos brasileiros por meio de uma medida provisória. O texto libera ainda a venda de etanol diretamente das usinas para os postos, outro tema que vinha sendo debatido pelo órgão regulador. As mudanças encontram resistência de distribuidoras que já foram parar inclusive no Judiciário. Apostando em aumento da competição, o governo chegou já a projetar redução de R$ 0,50 no preço do litro da gasolina ao consumidor. No entanto, essa expectativa é bastante subjetiva.
- Entendemos que é mais desejo do que qualquer coisa. Não esperávamos que fosse via MP, pois esta discussão estava sendo travada via ANP e os agentes do setor. Com relação à venda de etanol direta, há preocupação de desvios tributários, pois o recolhimento ocorre nas distribuidoras. Sobre o fim da tutela, já tínhamos tomado posição de que este assunto deveria sair da responsabilidade da ANP e ser tratado como uma questão comercial entre as partes (posto e distribuidora). Hoje, já existe a figura do posto BB (bandeira branca ou independente) que pode adquirir produto de quem desejar, sem estar vinculado à bandeira. Temos várias dúvidas nesta liberação assim: acabarão os independentes? Como fica o consumidor fiel a marcas? Os investimentos das distribuidoras nos postos serão alterados? Será que isto não prejudicará os menores em relação às grandes redes? - avalia João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro-RS, sindicato que representa os postos de combustíveis.
Sobre a liberação das marcas, o químico industrial Marcelo Gauto também acredita que a questão será novamente judicializada, como foi quando estava sendo conduzida pela ANP. Já quanto ao etanol, ele vê vantagens e desvantagens:
De positivo:
1. Mais concorrência sempre é bom, desde que não seja desleal;
2. Grandes redes terão maior flexibilidade de compra e isso vai levar o etanol para as estradas de forma competitiva;
3. Com a diminuição do ICMS recolhido pelas distribuidoras (ficará a cargo das usinas e revendedores), os Estados terão que melhorar a fiscalização e assim pode diminuir a sonegação.
De negativo:
1. As distribuidoras vão comprar etanol mais caro das usinas que terão maior poder de barganha;
2. Esses valores serão repassados para os contratados (revendedor), tornando o preço menos competitivo;
3. Postos distantes dos polos usineiros terão etanol mais caro, pois terão que comprar das distribuidoras;
4. Aumenta o número de agentes, aumenta a necessidade de fiscalização. Os Estados estão preparados para isso?
5. Muitos postos podem passar a não ofertar o etanol combustível, porque não vão conseguir competir com quem compra direto, reduzindo o número de ofertantes do combustível.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.