A Petrobras está comunicando às distribuidoras nesta segunda-feira (5) de que fará reajustes "salgados" nos preços dos combustíveis. Na gasolina, a alta será de R$ 0,1571 (+6,3%). Já para o diesel, o aumento é um pouco menor, de R$ 0,1023 (+3,7%). Os aumentos ocorrem nas refinarias, onde a estatal define dos valores. Já entrarão em vigor a partir desta terça (6), quando a preço da gasolina passará para R$ 2,69 o litro e o do diesel para R$ 2,81 o litro.
A pressão no mercado por um ajuste dos combustíveis pela Petrobras crescia. A alta do petróleo no mercado internacional já provocava uma defasagem de 20% nos preços nas refinarias brasileiras na comparação com o Exterior, o que prejudica o caixa da estatal. A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) chegou a suspender reunião nesse final de semana por falta de acordo para aumento de produção.
- A diferença entre a cotação internacional e o preço doméstico da gasolina na refinaria vinha se elevando nas últimas semanas, impulsionada pelo aumento do preço do petróleo no contexto da vacinação e reabertura das economias desenvolvidas, o que se reflete em uma maior circulação de pessoas e demanda por combustíveis. Isso mais do que compensou o efeito baixista da queda do dólar, que recentemente até teve uma reversão parcial considerando que a cotação saiu da mínima próxima de R$ 4,90 para R$ 5,08 neste momento. Contudo, a Petrobras não vinha repassando este movimento, mantendo o preço da refinaria estável, gerando incerteza sobre até que ponto ela toleraria este gap dado que ele representa mais custos para a companhia. A elevação forte feita hoje é reflexo desta diferença elevada que se formou, que acabou culminando na necessidade de um ajuste mais intenso. Ainda haveria espaço para subir mais o preço da refinaria se fosse pra zerar completamente o gap - detalha o economista João Fernandes, da Quantitas Asset.
Desde que mudou o comando da empresa, a Petrobras não aumentava preços. Foram dois ajustes, e ambos foram de redução. A última ocorreu em 11 de junho. Na ocasião, a empresa informou que era importante reforçar o posicionamento da Petrobras "que busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por eventos conjunturais."
Lembrando que a troca na presidência foi conturbada, com o ex-presidente Roberto Castelo Branco sendo criticado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, que indicou para o cargo o general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da estatal. Desde 19 de abril, quando o general da reserva tomou posse, a Petrobras mexeu três vezes nos preços dos combustíveis: no dia 1º de maio, reduziu em 2% os preços do diesel e gasolina; e, no dia 11 de junho, cortou em mais 1,9% a gasolina e aumentou o gás liquefeito de petróleo (GLP) em 6%.
Na semana passada, Silva e Luna se reuniu com caminhoneiros para falar do preço do diesel. Há um movimento para uma mobilização do setor em 25 de julho convocada pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, entidade cuja diretoria esteve com o presidente da Petrobras.
Em relação à gasolina, a expectativa é de que, ao chegar na bomba, a alta tenha algum alívio da queda do etanol, que vem pressionando o preço ao consumidor nos últimos meses. A safra atrasada de cana-de-açúcar do Sudeste começou na segunda quinzena de julho, aumentando o fornecimento às usinas para produção do combustível obrigatório na mistura da gasolina.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro da gasolina comum está custando, em média R$ 5,93 no Rio Grande do Sul. Ele manteve-se estável nas últimas semanas.
GLP
Já o preço médio de venda de GLP (gás liquefeito de petróleo) da Petrobras para as distribuidoras passará a ser de R$ 3,60 por quilo. Isso representa um aumento médio de R$ 0,20.
Atualização - Trecho do comunicado enviado ao mercado após a alta desta segunda:
"Importante reforçar o posicionamento da Petrobras que busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por eventos conjunturais. Os preços praticados pela Petrobras seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo. O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras."
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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