O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) chegou a pensar em aumentar o ritmo de alta do juro já na reunião da semana passada, segundo a ata divulgada nesta terça-feira (22). Acabou optando por fazer o aumento de 0,75 ponto percentual e sinalizar de que o próximo encontro pode trazer uma alta de 1 ponto percentual.
Esse sinal, aliás, foi reforçado na ata, que, em dois momentos, fala do setor de serviços. Primeiro, o Copom diz estar atento ao comportamento de preços de serviços conforme a vacinação avança. Depois, afirmou que optou por adiar a alta mais forte da Selic para acumular mais informações sobre "a evolução dos preços mais inerciais, conforme o setor de Serviços se recupera".
A alta de preços do setor de serviços já surpreendeu na última divulgação do IPCA pelo IBGE, referente à inflação de maio. Na ocasião, a coluna chegou a registrar o impacto que não era esperado, com o alerta do economista João Fernandes, da Quantitas Asset, para a "qualidade" do IPCA:
- Segmentos que haviam amenizado as altas após o fechamento de março e abril, serviços reverteram para cima. A alta dos serviços foi puxada por alimentação fora de casa, mas os demais também aceleraram.
Os serviços registraram até deflação ao longo de um ano de pandemia, "compensando" o impacto na inflação das altas dos alimentos e de outros produtos guiados por commodities. Esperava-se que os reajustes represados ocorressem conforme a demanda das famílias aumentasse com o avanço da vacinação, mas isso está ocorrendo antes do previsto. Portanto, ligou a luz piscante do alerta do Banco Central, que já vem ponderando também para a energia mais cara.
O relatório Focus trouxe nesta semana uma previsão mediana do mercado de que a taxa de juro vá fechar 2021 em 6,5%. A Quantitas, que é uma das instituições consultadas pelo Banco Central para a pesquisa, já elevou a sua aposta para uma Selic de 7,25%.
"Com toda a surpresa de crescimento que tivemos no 1º trimestre do ano e o processo de vacinação acelerando, acreditamos que a demanda das famílias vai pressionar o setor de serviços e gerar uma inflação desconfortável ao Banco Central.", diz a análise da gestora de fundos.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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