Vem mais um impacto forte direto em alguns bolsos, mas indireto na inflação geral para o consumidor. A Petrobras informou nesta segunda-feira (5) que seus preços de venda de gás natural para distribuidoras terão aumento de 39% a partir de 1° de maio. O reajuste é trimestral.
Entre os motivos apontados pela estatal, estão alguns que já conhecemos, por exemplo, para os aumentos da gasolina neste ano: cotação do petróleo e taxa de câmbio. Há ainda uma elevação do custo de transporte até o ponto de entrega às distribuidoras, justificou a Petrobras em comunicado ao mercado, influenciado pela alta de 31% do IGP-M entre março de 2020 e março de 2021.
O percentual não é aplicado diretamente ao consumidor. Ainda há a cobrança de tributos e as margens da cadeia econômica. Em janeiro, a Petrobras reajustou preços em 33%, enquanto a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul – Sulgás fez aumentos bem menores - mesmo que ainda bastante altos - para o gás natural veicular GNV (+17,35%), industrial (+11,88%), comercial (+9,37%) e residencial (+7,70%). Perceba que o impacto pode ser direto na sua empresa ou residência, caso use o gás natural, quanto indireto, indo do aplicativo de transporte à reajustes que começa na indústria e chegam ao consumidor final. Está aí um efeito inflacionário.
Consultada sobre o novo aumento, a Sulgás afirma que ainda não está definido o impacto nas tarifas praticadas pela distribuidora:
"O realinhamento depende da autorização do órgão concedente, e quando ocorrer deverá refletir apenas o repasse da variação no custo de aquisição do gás, sem nenhum ganho para a distribuidora.", informou em nota enviada à coluna.
A Sulgás ressalta, no entanto, que está com chamada pública em andamento para buscar novos fornecedores de gás natural para ampliar a concorrência e alcançar um preço mais competitivo. E, sobre a formação do preço do gás, ela usa dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS) que apontam que os serviços prestados pelas distribuidoras de gás natural no Brasil respondem por 17% do valor final do produto, o que corresponde à operação, manutenção dos ativos, expansão da rede e remuneração das empresas. O maior peso no preço final é o da molécula, seguido da tarifa paga ao transportador, que somadas correspondem a 59% do custo do produto. Em terceiro lugar, ficam os impostos federais e estaduais, que representam aproximadamente 24% do valor pago pelos consumidores.
A Petrobras ainda lembra que, em 2020, os preços do gás natural às distribuidoras chegaram a ter redução acumulada de 35%, mas foi devido ao efeito da queda dos preços do petróleo no início da pandemia. O ministro da Economia, Paulo Guedes prometeu em 2019 baixar o preço do gás natural no país. Na época, Guedes defendeu a abertura do mercado, o que sofreu resistência forte vinda de dentro da Petrobras. Ele chegou a falar em "choque de energia barata".
Em dezembro último, o Senado aprovou o texto-base do projeto da Nova Lei do Gás desidratando o texto da Câmara. Com isso, a proposta precisa ser analisada novamente pelos deputados federais, atrasando a tramitação da medida no Congresso. O novo marco do gás é a aposta do governo para reduzir o preço do insumo, atrair investimentos, aumentar a competição e evitar monopólios. A queda de custo deve atingir os principais consumidores do gás natural - a indústria e o setor de energia termoelétrica. Mas a expectativa do governo é que essa redução seja repassada ao consumidor final.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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