Acompanhando o e-commerce, o setor de logística pisou forte no acelerador no último ano. Nesta linha, o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com André Prado, CEO da BBM Logística, uma forte empresa do setor que, desde 2018, foi às compras e adquiriu três marcas gaúchas. Ela já tem 18 filiais e 2 mil funcionários no Rio Grande do Sul, onde inaugurou agora um "hub" para integrar operações na Região Metropolitana. Confira a entrevista:
A logística ganha cada vez mais espaço na economia, não?
Sem dúvida. Se você olhar, ela tem mais de cem anos, mas parece que ela fica ainda mais importante. Com a greve dos motoristas (em 2018), que foi um evento trágico, começamos a ver a importância porque ficamos desabastecidos. Vimos que, sem logística, o país realmente para. Na pandemia, com as pessoas em casa, vemos que seguem abastecidas, a economia está andando.
Veja a entrevista também em vídeo:
Qual o tamanho da BBM Logística hoje?
Ela tem 25 anos e, em 2017, recebeu investimento do Fundo Stratus, quando vim e falávamos de uma média empresa paranaense. O objetivo era construir um dos maiores operadores logísticos da América Latina. Começamos um processo de reestruturação e trouxemos vários grandes profissionais de mercado. Em 2018, compramos a Transeich, que é uma empresa gaúcha. Em 2019, fizemos outra aquisição super importante: a Translovato, que é gaúcha, de Caxias do Sul, e uma das principais empresas de transporte do Brasil. Com ela, já ficamos entre as maiores empresas do Mercosul. No ano passado, fizemos mais dois movimentos, compramos uma das principais empresas do Centro-Oeste, que é a Translage, e mais uma empresa gaúcha, de e-commerce, que é a Diálogo. Então, das cinco empresas que compramos, três são gaúchas. Não tem como não ter um carinho enorme pelo Rio Grande do Sul.
Vocês continuem indo às compras aqui pelo mercado gaúcho?
Continuamos avaliando o mercado nacional como um todo. Nosso crescimento no Norte e Nordeste é importante para "fecharmos" o Brasil, precisamos atender o Brasil inteiro. E bem. Mas, sim, seguimos avaliando empresas gaúchas. Se falarmos em transporte, o Estado que talvez tenha criado maior volume de boas empresas, de relevância, é o Rio Grande do Sul. Vivemos transporte, amamos transporte, não tem como não estar totalmente ligado ao Rio Grande do Sul.
Quando falamos em logística, é diferente de falar sobre uma loja ou fábrica específica. Como é a operação da BBM?
A logística tem três funções fundamentais. A primeira é transporte, tirar algum produto no lugar e levar pro outro. A segunda é a armazenagem, quando precisa estocar produtos, seja próximo do centro urbano, seja dentro de uma fábrica, ou próximo a uma fábrica. E o terceiro ponto é a informação, quando você garante que tudo é feito com alto nível de informação. Esse é o conceito da logística. Quando falamos em relação ao escopo da logística dentro da BBM, a empresa é totalmente end-to-end. O que isso quer dizer? A primeira etapa da logística é a matéria-prima. Quando você está criando um produto, você precisa dela. Ali, começa uma fase importante da logística ao trazer a matéria-prima para as indústrias, chamada de inbound. A segunda etapa, que é da fábrica para o consumidor final, é outbound. Onde a BBM opera? Em todas as etapas da cadeia. Um exemplo: temos muitos contratos no Rio Grande do Sul, uma unidade em Butiá e outra em Capão do Leão, onde levamos volumes muito grandes de madeira para abastecer a indústria de papel e celulose do Estado. Fazemos a colheita, derrubando e beneficiando a árvore, transportamos dentro da floresta, carregamos em grandes caminhões e trazemos até a fábrica. A operação outbound é muito mais complexa, porque ela vai que até o consumidor final. Aqui, entra o omnichannel. Atender o cliente, não importa qual o canal de venda. Se ele vende direto ao consumidor final, por exemplo, atendemos via Diálogo. Se ele vende em partes fracionadas, levamos via Translovato. Se usamos carros completos, é pela BBM. Fazemos uma solução totalmente customizada.
Por isso, as aquisições? Para vender uma solução inteira.
Exatamente. Temos um planejamento estratégico muito bem definido e fomos fazendo as aquisições para montar a cadeia logística como um todo.
Como é a estrutura que vocês agora no Rio Grande do Sul, além da unidade de Butiá e de Capão do Leão?
Temos 18 filiais. São sete da Translovato, oito da BBM e três de outra empresa que compramos. Atendemos 1.739 clientes no Estado, 98 clientes no e-commerce e, nas operações dedicadas, mais 252. Temos quase 2 mil funcionários aqui e, da nossa diretoria de 14 pessoas, três são gaúchos.
E quais são os planos para o Rio Grande do Sul?
Seguimos investindo. Acabamos de construir um hub integrado de operações, provavelmente o maior do Estado. Só nele, vamos investir R$ 7 milhões nos próximos anos. Estamos construindo também uma filial em Butiá com mais de R$ 1 milhão. Além de todos os veículos que temos adquirido, tem o crescimento da operação com capital de giro e novos empregos. Contratamos pessoas todas os meses. Provavelmente, o grupo BBM é o maior operador de transporte rodoviário no Rio Grande do Sul.
Os 2 mil empregos são diretos?
Sim, com vínculo CLT. Se você considerar mecânicos, apoiadores, transportistas autônomos, duplicamos o número. Então, estamos falando em 4 mil pessoas.
Vocês levam as operações compradas no Rio Grande do Sul para outros Estados?
Sim. E também para Argentina e Uruguai, onde operamos.
E qual é o plano nacional da empresa?
Quando começamos o projeto em 2017, tínhamos o objetivo de, em 2022, faturar R$ 1 bilhão e estar posicionado entre as 10 maiores. Na verdade, ano passado, mesmo com a covid-19, fizemos R$ 1,2 bilhão. Acabamos crescendo muito mais e, hoje, somos uma das cinco maiores do Mercosul de transporte rodoviário de carga. Nosso objetivo agora é terminar de expandir nacionalmente. Falta Norte e Nordeste.
Ouça a entrevista também para o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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