A inflação para o consumidor de Porto Alegre praticamente dobrou em dezembro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) passou de 0,74% em novembro para 1,40% no mês seguinte. Com esse avanço, a inflação calculada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) fechou o ano em 5% no acumulado de 2020 na capital gaúcha. É um avanço significativo, considerando que o indicador chegou a ter meses de deflação no início da pandemia.
No mês de dezembro, a vilã foi uma despesa sobre a qual a coluna já alertava: a conta de luz, que puxou com força o grupo de despesas Habitação. No final de novembro, houve reajuste anual da tarifa de eletricidade da CEEE e, no mês seguinte, foi cobrada a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com a cobrança extra mais alta pelo custo da geração de energia determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em janeiro, a bandeira foi recuada para amarela, ainda com uma cobrança extra, mas com um valor bem menor do que na vermelha.
Com isso, o preço da energia fica em R$ 1,34 para cada 100 quilowatts consumidos por hora. O valor é menor do que o estabelecido para o mês passado, quando foi ativada a bandeira vermelha, com preço de R$ 6,2 para cada 100 quilowatts consumidos por hora.
Com isso, a conta de luz fechou dezembro com alta de 15,19%, sendo a principal pressão sobre a inflação. Além de ser um aumento intenso, ela pesa no orçamento das famílias e, portanto, no cálculo dos indicadores. Ela também puxou, como tradicionalmente ocorre, o aumento do condomínio residencial, que foi de +3,83% e a segunda maior influência na alta da inflação para o consumidor de Porto Alegre.
No entanto, houve queda em algumas despesas no mês, o que evitou aumento ainda maior da inflação em dezembro e no ano. O grupo Educação, Leitura e Recreação teve deflação de 0,20%, puxada pelas passagens aéreas, que tiveram queda de 9,9% nos preços e foram a principal influência de baixa na pesquisa. Transportes também subiram bem abaixo da média, com uma queda leve no preço da gasolina.
A despesa com Comunicação ficou zerada, sem alta ou baixa, o que tem ocorrido ao longo dos meses. Aqui, entram, por exemplo, as contas de telefone e internet. Foram itens de serviços que não tiveram reajustes significativos ao longo de 2020, pela pressão da crise na capacidade e disposição de pagamento por parte dos consumidores.
Alimentos ainda sobem, com alta de 1,73% no mês. Fica acima da inflação geral do mês. De um lado, a pesquisa destacou a queda de 16% no tomate e de 2,18% na costela bovina. De outro, houve alta de 16% na batata-inglesa. A expectativa é que os preços dos alimentos deem um alívio mais forte a partir do segundo trimestre de 2020, com a entrada de safras e com uma perspectiva de queda do dólar. Para janeiro, o fim do auxílio emergencial e a queda no consumo após as festas de final de ano podem puxar uma queda inicial nos preços ao consumidor.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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