Muitos consumidores têm relatado dificuldade em encontrar bicicletas à venda nas lojas do Rio Grande do Sul, além da falta de peças de reposição para conserto e, até mesmo, conseguir produtos para abrir uma loja do segmento, caso que ocorreu com um leitor da coluna. Diretor-executivo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), Daniel Guth diz que o problema é de escala global e está relacionado à alta demanda e baixa oferta. Segundo ele, de abril a outubro, o aumento de procura por bicicletas foi de 87% em comparação ao mesmo período do ano passado.
- A procura se deu muito em decorrência da bicicleta ser uma solução. Ela é aliada ao combate à pandemia, seja porque proporciona uma atividade física com isolamento social, como permite o deslocamento de trabalhadores com segurança e isolamento - explica Guth em entrevista ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha).
O diretor afirma, porém, que o aumento de demanda não foi acompanhado pelo fornecimento de componentes. Aliás, esse problema atinge praticamente todos os setores econômicos, de colchões e caminhões, como a coluna vem registrando nos últimos meses.
- Mais de 90% de todos os componentes de uma bicicleta vêm do mercado asiático, que acabou priorizando outros destinos, especialmente o europeu. No Brasil, enfrentamos escassez de componentes para dar conta do aumento da demanda - comenta.
Segundo George Panara, responsável pela comunicação da Associação Brasileira da Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Bicicletas, Peças e Acessórios (Abradibi), o histórico da falta de componentes para bicicletas começou com o lockdown na Ásia.
- Toda logística se quebrou na Ásia. Aí, tivemos restrições na Europa, América e América do Sul. Autoridades de alguns países disseram para as pessoas: evite o transporte coletivo, use bicicleta. Isso gerou um boom mundial. As fábricas são reabertas e precisa se produzir muito mais, mas não se consegue. Isso é somado ao atraso acumulado e problemas logísticos - comenta Panara.
Para Panara, a situação desse se normalizar na metade de 2021. Guth é mais otimista, diz que o cenário já é melhor e que deve ser regularizado entre o final deste ano e o início do ano que vem.
- Produtores, montadores, importadores, todo mundo aqui no Brasil está fazendo de tudo para dar conta dessa demanda. Muita coisa já foi, de uma certa forma, tranquilizada, muita demanda já foi atendida. Mas a procura continua alta, não tanto como em maio e junho, mas continua. E agora tem Black Friday e Natal - conclui.
A alta procura por veículos que diminuem chances de contágio e possibilitam o isolamento também é uma das justificativas para a falta de veículos em locadoras e para o aumento de na venda de motos. Veja: Medo do vírus e escassez nas montadoras dificultam locação de carros para o final do ano
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Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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