Tem duelo de gigantes no setor de educação do país. Após a Ser Educacional ter comunicado na noite desse domingo (13) um acordo para comprar a Laureate Brasil por R$ 4 bilhões, o mercado financeiro recebeu um aviso da Yduqs de que ela deve entrar na disputa. É outro grupo do setor de educação e que avisou ter condições de apresentar proposta concorrente "mais atraente" pelos ativos. O fato relevante foi enviado à Comissão de Valores Mobiliáros (CVM), que regula e fiscaliza o mercado de capitais, já que empresas envolvidas têm capital aberto.
No documento informando da transação, a Ser Educacional colocou que foi facultado à Laureate um mecanismo chamado de "go shop". Por ele, é possível aceitar, até 13 de outubro, uma proposta de venda apresentada por terceiros e que seja superior à fechada nesse final de semana. A Ser, no entanto, terá chance de cobri-la e, caso a Laureate não aceite, será indenizada em R$ 180 milhões.
A Yduqs argumentou que os dados públicos divulgados da transação demonstram um forte potencial estratégico e de geração de valor para seu negócio no caso de compra da operação brasileira da Laureate, que tem sede nos Estados Unidos. O grupo Yduqs também tem atuação no Rio Grande do Sul e é dono de marcas muito conhecidas na educação, como Estácio e Ibmec.
- A transação dos ativos da Laureate, além de relevante em valor, representa a possibilidade das empresas adquirirem importantes faculdades nas regiões Sudeste e Sul do país, bem como obter vagas nos disputados cursos de Medicina. Não por acaso, ciente desse valor elevado, a Laureate incluiu uma cláusula que permite a ela receber novas propostas após a oferta da Ser por até 30 dias - complementa o analista de mercado Wagner Salaverry, sócio da Quantitas Asset, gestora de fundos de Porto Alegre.
E esse negócio bilionário envolve duas universidades do Rio Grande do Sul. UniRitter e Fadergs têm 12% dos alunos da Laureate Brasil. Segundo o comunicado enviado ao mercado, são cerca de 267 mil estudantes matriculados no país, sendo que a compradora tem 188 mil. A estrutura da adquirida inclui 50 campi, em 13 cidades, localizadas em sete Estados, incluindo o Rio Grande do Sul.
O relatório sobre a transação destaca ainda que a operação da Laureate Brasil é a maior da organização mundial em um único país, com 11 unidades. Alcançou uma receita líquida de R$ 2,17 bilhões no primeiro trimestre de 2020.
O grande argumento da Ser Educacional para a compra é ganho de escala e presença geográfica. Um dos planos é, também, aprimorar o ensino a distância e a presença digital da instituição.
No portfólio da Laureate, há diversos cursos de graduação, como medicina, administração, engenharia, direito, arquitetura, design, comunicação, tecnologia da informação. Aliás, as 832 vagas em Medicina aparecem em destaque por diversas vezes na apresentação do negócio aos acionistas.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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