Com sede no bairro Navegantes, em Porto Alegre, a Elo Sistemas Elétricos entrou em hibernação. Para isso, demitiu 280 funcionários para reduzir os custos e manter a empresa enquanto se monitora a situação da pandemia. A informação foi confirmada pelo advogado da empresa, Angelo Coelho, do escritório Mazzardo & Coelho Advogados Associados.
Segundo ele, além de outros efeitos da crise do coronavírus, a indústria está com dificuldades desde o início do ano para compra de peças da China para produzir seus esquipamentos. Coelho afirma que há R$ 25 milhões de pedidos em carteira neste momento.
- Até março, a empresa estava indo bem, com todos os pagamentos em dia. Quando começou a pandemia, as atividades tiveram de ser suspensas e não queríamos agora ficar segurando as pessoas sem perspectivas claras para a retomada. Estamos trabalhando em soluções para que a empresa volte a operar - diz o advogado.
A Elo será transformada em uma empresa de tecnologia, reduzindo as atividades operacionais e concentrando esforços no licenciamento do acervo. A ideia é que terceiros atendam os pedidos e encomendas que o mercado demandar.
Os recursos financeiros serão usados para pagar trabalhadores e credores, informa a companhia. As demissões foram negociadas com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, João Batista Massena:
- A empresa ainda não pagou as verbas rescisórias, mas estamos encaminhando as dispensas para que os trabalhadores tenham acesso ao FGTS ao seguro-desemprego - explica Massena.
A Elo produz equipamentos para faturamento e comercialização de energia elétrica, tendo as concessionárias como clientes. Já enfrentou uma recuperação judicial em 2015, reestruturou o negócio e finalizou o processo. Agora, enfrenta, como a maioria das empresas, a pandemia. Ainda em março, logo no início da pandemia, a empresa publicou em seu site um comunicado sobre o impacto da crise no negócio:
"Nossas operações de compras estão sofrendo problemas relacionados diretamente aos desdobramentos do surto epidemiológico do vírus, parte dos componentes importados vem da China, passando muitas vezes pelos Estados Unidos, aonde fornecedores estão dando prazos entre 10 a 12 semanas para enviar os componentes para o Brasil, sem contar as crescentes restrições de voos e fechamento de fronteiras. Nesse momento o entendimento é que já é possível prever os potenciais impactos diretos e indiretos de médio e longo prazo na cadeia eletrônica como um todo.", diz trecho do texto.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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