Entregue há mais de três semanas, o hospital modular construído por uma empresa gaúcha em Nova Iguaçu (RJ) ainda não está funcionando porque não foi equipado. Daqui a pouco, a estrutura ficará parada pelo menos período que levou para ser construída, que foi de 40 dias, segundo a Quick House. A empresa tem sede em Porto Alegre e venceu a licitação de R$ 62 milhões. Aliás, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, havia prometido o hospital funcionando ainda para o final de abril.
A coluna noticiou o projeto logo no início da obra e entrou em contato com a empresa para saber o andamento da entrega. A Quick House informou então quando foi entregue o primeiro módulo, com 60 leitos de enfermaria e outros 40 de UTI. Disse ainda que o restante da construção tem agora previsão de entrega para junho.
Para saber sobre os equipamentos e a contratação da equipe médica para que o hospital possa funcionar, a coluna entrou em contato com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras do Rio de Janeiro (Seinfra), responsável pela licitação. O órgão disse que a responsabilidade era da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES), que informou estar empenhada em resolver essas questões para que a estrutura possa atender pacientes com coronavírus, o que é o objetivo do projeto. Confira a nota na íntegra:
"A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que está empenhada em resolver as questões de aquisição de respiradores, mobiliários, logísticas, insumos e medicamentos para colocar em funcionamento o hospital modular de Nova Iguaçu.
A SES informa ainda que os engenheiros da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras (SEINFRA) já realizaram vistorias em todos os hospitais e, com baseados nos dados técnicos coletados, será feito um cronograma real com as datas de conclusão das obras. A secretaria ressalta que a Fundação Estadual de Saúde (FES) assumiu a coordenação dos hospitais, a realização das obras e todos os contratos de prestação de serviço já firmados com os profissionais de saúde selecionados para atuação.
A SES reforça que os funcionários contratados pelo Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (IABAS) serão aproveitados e que não haverá demissões de profissionais."
O hospital modular fica no antigo aeroclube de Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense. Para fazer a obra, a Quick House diz ter colocado 400 operários trabalhando no local em três turnos. O projeto prevê 12,8 mil metros quadrados, com 300 leitos para pacientes com coronavírus, sendo que 120 são de UTIs. Para o projeto, a Quick House fez uma parceria com a Soluções Usiminas e com a Saint-Gobain, empresa de material para construção a seco.
A Quick House também está exportando estruturas modulares para cinco hospitais em Porto Rico. Lá, um parceiro norte-americano construirá com a supervisão da empresa gaúcha.
Hospital modular X Hospitais de campanha
O hospital construído pela Quick House é o modular, que será mantido após a pandemia. No entanto, no mesmo terreno, havia o projeto para erguer um hospital de campanha. Na semana passada, o governador Wilson Witzel determinou o afastamento do IABAS da construção e da gestão de sete hospitais de campanha do Rio de Janeiro. Um decreto pôs as unidades sob responsabilidade da Fundação Estadual de Saúde, ligada ao governo estadual. Dos sete hospitais previstos para abril, com uma verba superior a R$ 830 milhões, só um, o do Maracanã, foi entregue, e funciona apenas parcialmente. Não há data para a inauguração dos postos de São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e Casimiro de Abreu.
Os hospitais de campanha para combate ao novo coronavírus no Rio de Janeiro são alvo de investigação da Polícia Federal. A Operação Placebo mira um suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados à luta contra a Covid-19 no estado. Enquanto isso, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu, na tarde dessa quarta-feira (10), instaurar um processo de impeachment contra o governador Witzel.
Veja abaixo um vídeo que mostra a vista aérea da obra:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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