Assim como em março, a Região Metropolitana de Porto Alegre voltou a ter deflação em abril. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em -0,05%. No mês anterior, o indicador o IBGE ficou em -0,32%. São os dois meses de impacto mais forte da pandemia no Brasil.
O país também teve deflação e foi mais intensa, mas não tinha ficado com índice negativo em março. Considerado a inflação oficial do país, o IPCA de abril ficou em -0,31% em abril. O acumulado de 12 meses recuou para 2,4%, o que é inflação baixa.
O principal motivo para a deflação foi a queda significativa no preço da gasolina, que recuou bem e ainda tem um peso forte no cálculo do indicador, já que representa um gasto significativo do orçamento. Segundo a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a gasolina comum está custando R$ 3,96 em média no Rio Grande do Sul, o menor valor desde agosto de 2017. No entanto, a Petrobras anunciou aumento de 12% nas refinarias nesta semana com a alta do petróleo, o que pode ter um reflexo nas bombas em breve.
Mas a queda no consumo provocada pela pandemia se alastra por outros produtos e serviços e não devemos ter inflação alta mesmo que a gasolina suba. Em Porto Alegre, a deflação só não foi mais intensa no mês passado porque subiu a conta de luz e a taxa de água e esgoto.
Apesar de um certo alívio trazido pela deflação neste momento, é uma queda de preços longe de ser comemorada. Também teremos uma deflação de serviços, provocada pela retração generalizada na demanda. Não há espaço para aumento de preços. Muitos, inclusive, estão proibidos de funcionar. Teremos, portanto, uma deflação de demanda. O bom seria termos a inflação de 4% que era a meta do governo federal, mas este é um cenário não mais possível com a greve crise provocada pela covid-19. O relatório Focus desta semana, por exemplo, trouxe uma previsão de +1,97% para o IPCA de 2020.
- Você está com uma das maiores recessões que o Brasil já passou, isso gera um efeito muito substancial sobre o consumo, até porque você terá um aumento muito grande do desemprego. Para 2020, a gente espera que o desemprego alcance patamares entre 13,5% e 14%. Você acaba passando o ano todo com uma demanda muito deprimida, o que significa a pressão para baixo dos preços porque as pessoas não compram. O consumo de bens e serviços vai continuar em um patamar baixo, mesmo a partir do momento em que se tenha uma recuperação - comenta João Fernandes, economista da Quantitas Asset.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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