Gigante do varejo com sede em Porto Alegre, a Lojas Renner registrou no primeiro trimestre um lucro líquido de R$ 10,4 milhões. Ainda que um resultado no azul, representa um recuo nos ganhos de 94% em relação aos R$ 161,6 milhões do mesmo período de 2019. Segundo o balanço divulgado pela empresa à noite passada, houve aumento das despesas operacionais e financeiras com alta do dólar, além do recuo de 1,5% da receita líquida, considerando o braço financeiro da empresa. A receita de vendas de mercadorias caiu 6,1%.
O resultado se deve, claro, ao impacto da covid-19. O coronavírus escancarou sua gravidade em março, quando foi declarada a pandemia e atividades econômicas começaram a ser fechadas. A Lojas Renner foi uma das primeiras empresas a anunciar que suspenderia o funcionamento das suas operações no Brasil, Uruguai e Argentina, além de reduzir a equipe do e-commerce para preservar a saúde dos funcionários. Na ocasião, falou que havia um senso de urgência na decisão ao enviar o comunicado ao mercado.
"Começamos o ano de 2020 em um ambiente favorável, com bom desempenho de vendas e estoques saudáveis até meados do mês de março, no entanto, o fluxo de clientes nas lojas caiu à medida que cresciam as incertezas geradas com a proliferação do Covid-19.", diz o comunicado do balanço trimestral, ressaltando que a queda nas vendas começou antes mesmo do fechamento das lojas.
Segundo o relatório da Renner, até 13 de março, as vendas estavam em patamares de crescimento similares aos do final de 2019, com fluxo crescente nas lojas. A coleção de outono e inverno foi lançada no início de março e já apresentava sinais de boa aceitação, garante a companhia.
"No acumulado do trimestre, a Companhia seguiu ganhando participação de mercado, principalmente, quando comparada à performance do Índice PMC – Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE.", continua o comunicado.
A empresa detalhará os resultados ainda nesta sexta-feira (22) em teleconferência para analistas e investidores, marcada para as 13h. A Lojas Renner está no meio do processo de reabertura das suas operações. Os números são atualizados diariamente para os acionistas. Das 597 unidades da empresa no Brasil e no exterior, 109 já foram reabertas. Ou seja, 18,3% das operações.
As análises do mercado sobre o balanço trazem percepções de que veio abaixo do esperado. Ainda assim, investidores apostam na postura da empresa e no potencial da retomada. Sabem claro, que a volta do consumo será gradual e ainda é cedo para cravar projeções, sem previsibilidade segura do andamento da pandemia. Com isso, as ações abriram em queda nesta sexta, superior a -7%. Com o aumento das ordens de venda de forma atípica, os papéis da empresa entraram em leilão, ou seja, as propostas são feitas e a bolsa autoriza a negociação.
Os papéis da empresa tiveram alta nesta semana após vitória na Justiça que gerou um crédito fiscal de R$ 1,3 bilhão. A pedido da coluna, o sócio da gestora de fundos Quantitas Wagner Salaverry calculou o valor de mercado da companhia. Multiplicando o preço do último fechamento pelo número de ações negociadas na bolsa de São Paulo, a Lojas Renner está valendo R$ 32,4 bilhões. Para comparação, a Americanas vale R$ 41,2 bilhões e a Magazine Luiza, R$ 94,7 bilhões.
- Mas ainda assim, a Renner é referência de gestão para o mercado. O balanço dela sinaliza o que todas as varejistas enfrentarão - diz Salaverry.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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