As bolsas mundiais já tinha começado a semana no azul. Autoridades estão sinalizando como e quando será a reabertura econômica com a pandemia controlada em países da Europa e em alguns locais dos Estados Unidos, o que anima o mercado financeiro. Aqui no Brasil, uma fala do presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada afasta, mas não apaga, o temor de saída de Paulo Guedes do Ministério da Economia.
No final da manhã, o Ibovespa operava com alta aproximada de 3,5%, em cerca de 78 mil pontos. É o índice que reúne as ações mais negociadas na bolsa de valores de São Paulo, a B3, e que tinha fechado sexta-feira (24) em forte queda após o pedido de demissão e discurso forte do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.
O dólar vai por aí também, com queda e sendo vendido a R$ 5,64. Na sexta, tinha batido recordes sucessivos com a tensão no mercado e a aversão do investidor ao risco.
Com a saída de Moro, aumentou a especulação sobre a saída de Guedes, que já tinha ganhado força após ele e outros integrantes da equipe econômica não terem participado da apresentação do programa Pró-Brasil, com medidas para injetar dinheiro na economia e amenizar o impacto da pandemia. Aumentarão gastos públicos, o que é uma preocupação de Guedes. Mas o ministro, desde que voltou a se manifestar com mais frequência nas últimas semanas, tem dito que o Brasil saiu temporariamente do "eixo da austeridade fiscal" e foi para o "eixo da saúde". No entanto, diz que o país retomará esse trabalho após a covid-19 ser vencida e as reformas voltarão ao foco.
Pois na manhã desta segunda-feira 27), Bolsonaro disse que Guedes é "o homem":
- O homem que decide a economia no Brasil é um só: Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá recomendações e o que realmente devemos seguir.
Junto do presidente, Guedes disse que o governo federal segue firme em sua política econômica de responsabilidade fiscal. Afirmou que os gastos extraordinários na crise são uma "exceção" na condução da política econômica.
- Queremos reafirmar a todos que acreditam na política econômica que ela segue, é a mesma política econômica.
Analista de mercado e sócio da Quantitas Asset, Wagner Salaverry acredita que, após ter perdido um dos seus pilares, Bolsonaro está valorizando Guedes. Salaverry se refere, claro, à saída do ministro da Justiça.
- Moro representava a ética e combate a corrupção. A percepção agora é de que o presidente quis valorizar a importância e força de Guedes, o pilar econômico de valores liberais. Não foi por acaso que o ministro da Economia apareceu hoje. Mercado entendeu bem o movimento e a recuperação da bolsa sinaliza que investidores esperam que Bolsonaro não esqueça a importância do pilar econômico para o seu governo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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