A Petrobras reduzirá o preço da gasolina em 9,5% e do diesel em 6,5%. A estatal está comunicando o corte, que entra em vigor nesta sexta-feira (13). No caso da gasolina, o corte fica na média de 16 centavos. Já para o diesel, a redução é menor, de 12 centavos. Os valores variam conforme a refinaria.
O tombo na cotação do petróleo no mercado internacional abriu espaço para a redução dos preços nas refinarias, onde os valores são definidos pela estatal. A definição de preços é livre nas distribuidoras e também nos postos de combustíveis. No entanto, pela dimensão no corte, esse repasse tende a ocorrer para as bombas. A Petrobras também considera o câmbio nos ajustes de preço, mas o dólar tem subido menos do que a queda do petróleo.
O petróleo já vinha caindo desde o início do ano, mas acelerou o recuo com o avanço do coronavírus, desacelerando a economia e projetando uma demanda menor pela commodity. Só que a situação se agravou quando a Rússia não entrou em acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que buscava um consenso de redução de produção para sustentar preços. Em retaliação, a Arábia Saudita anunciou no final de semana que elevaria produção e daria desconto nos preços. Com isso, os preços do petróleo despencaram no final da noite de domingo, quando os mercados mundiais abriram. Chegou a cair mais de 30% na largada, amenizando o recuo nos dias seguintes. No entanto, a tendência de queda prossegue.
A Datagro estimava que a Petrobras poderia reduzir o preço da gasolina A (sem etanol anidro, vendida nas refinarias) em até 15%, antes do corte anunciado nesta quinta. A consultoria considerou a situação de preços de petróleo, taxa de câmbio e histórico de divergência com o mercado internacional.
Cautela ao comemorar
Desde que a Petrobras mudou sua política de preços da gasolina e do diesel, o brasileiro tem aprendido a associar as quedas e altas do petróleo no mercado internacional a repasses para as bombas. Com o avanço do coronavírus, a economia global dá sinais de desaceleração, o que reduz o consumo de combustíveis e provoca queda no preço do "ouro negro".
Isso vinha se intensificando nas últimas semanas, inclusive fazendo a Petrobras já cortar os preços nas refinarias. A última redução tinha ocorrido no final de fevereiro, quando os preços do diesel foram cortados em 5% e os da gasolina, em 4%.
É de comemorar? Infelizmente, não. Há outras implicações fortes dessa tensão política e econômica, sem contar que o avanço do coronavírus gera preocupação social, além de elevação de gastos. A redução no preço dos combustíveis por esses motivos não é saudável. O mercado financeiro sabe disso, provocando a queda nas bolsas neste início de semana.
Como exportadora, o caixa da Petrobras sofre com a queda brusca no preço do petróleo. Lembrando que a empresa é uma das maiores do Brasil, movimenta cadeias econômicas inteiras e tem muitos acionistas, inclusive os pequenos que aplicaram nela seu FGTS. Químico industrial, Marcelo Gauto ainda projeta efeitos de prazo mais longo. A queda brusca no preço do petróleo provoca um efeito rebote.
— Alguns produtores reduzem investimentos e a produção começa a declinar. Os preços sobem por essa redução, algo que demora a se recuperar. Quanto mais longa for essa redução de preços, mais grave pode ser o efeito lá adiante — diz ele.
Na bomba
A pesquisa da Agênia Nacional do Petróleo (ANP) tem apontado reduções de preços na gasolina comum. Recentemente, foram cinco semanas de corte, uma de estabilidade e a última trouxe mais uma pequena queda. No último levantamento, o litro estava em R$ 4,65.
O pico histórico de preço da gasolina nos postos gaúchos foi em outubro de 2018, quando o petróleo estava em forte alta no mercado internacional. Naquela época, a ANP chegou a divulgar uma média de R$ 4,95 no Estado.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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