O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
Em dezembro de 2024, o salário mínimo no Brasil deveria ter sido de R$ 7.067,68, segundo estimativa mensal que é feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor é cinco vezes maior do que o mínimo real era naquele mês – R$ 1.412. E, mesmo com o reajuste que vale a partir deste mês, que observa a correção pela inflação e um aumento real de 2,5% conforme a nova regra fiscal, o valor de R$ 1.518 é 4,6 vezes menor do que seria necessário segundo o Dieese. Certamente, quando se estimar o que era necessário neste janeiro, a renda mínima estará ainda mais defasada.
Mas como se chega ao valor que evidencia tanta discrepância? Para realizar o cálculo de quanto deveria ser o salário mínimo no país, a entidade parte do pressuposto que há na lei que o criou, em 1938. O texto prevê que o gasto com alimentação de um trabalhador adulto não será inferior ao custo da cesta básica de alimentos.
Considera-se também a Constituição que diz que o salário mínimo deve ser capaz de “atender às suas necessidades vitais básicas (do trabalhador) e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos”.
Por fim, toma-se por base uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças – que consumiriam como um adulto. Assim, o Dieese multiplica o maior valor da cesta básica mensal entre as capitais – que em dezembro foi de R$ 841,29, na cidade de São Paulo – por três (adultos, na família).
O resultado dessa multiplicação, segundo a metodologia do departamento, representa 35,71% do que seria a renda de uma família de baixa renda. Ou seja, o montante destinado a alimentação. O restante dos R$ 7.067,68 é divido entre despesas com habitação, vestuário, saúde, equipamentos domésticos, transporte, educação, recreação, despesas pessoais e despesas diversas. Cada uma delas tem um percentual específico para compor o que seria o salário mínimo.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna