No final de semana, duas falas de integrantes do governo federal movimentaram o noticiário econômico em tempos de pandemia. No sábado (28) à noite, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou por duas horas em transmissão online da XP Investimentos. Já no domingo (29) à tarde, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, trouxe mais detalhes sobre as medidas anunciadas na sexta (27) e que respondem a algumas dúvidas dos leitores da coluna. Foram falas longas, mas a coluna lista aqui alguns tópicos que considerou mais relevantes no atual cenário da economia e que podem influenciar o mercado financeiro brasileiro neste começo de semana:
Destaques da fala do ministro da Economia, Paulo Guedes:
1 - Com todas as medidas preparadas pelo governo federal, serão injetados R$ 750 bilhões na economia. O número é maior do que os R$ 600 bilhões que eram falados na semana passada.
2 - Negou sua saída do governo e enfatizou: “Conversa fiada total. Não tem esse negócio de sair. Como vou sair nesse momento?”
3 - Ponto de polêmica da semana passada, Guedes disse que o artigo da medida provisória que suspendia contratos de trabalho a partir de acordo individual entre patrão e trabalhador será reescrito e publicado novamente. O governo pagará parte da remuneração e irá financiar as empresas para que quitem o restante.
4 - Deixou claro que espera que empresas comprem testes em massa para diagnosticar a covid-19, assim como a Ambev fez ao adquirir 1 milhão de kits. Pediu que testem seus funcionários e familiares, dando o restante para a rede pública de saúde.
5 - No alvo das medidas, estão empresas que geram emprego.
6 - Foco em aumentar a produção de ventiladores para respiração artificial: “Passamos de 250 para 1 mil ventiladores de respiração por semana sendo produzidos. Precisamos chegar a 1,4 mil para acompanhar a curva (da doença). Já começamos a terceirizar. Estamos pressionando e vamos pagar”, detalhou Guedes.
7 - Espera superar nesta semana a operacionalização da liberação dos R$ 600 para a população por três meses. Senado ainda tem que aprovar. Caixa Econômica Federal e INSS vão pagar.
8 - O ministro está e seguirá em isolamento com a esposa. Mostrou um posicionamento alinhado com o Ministério da Saúde, ciente de que os prazos da economia e da saúde podem ser diferentes. Mas sinalizou que isso está constantemente sendo reavaliado. Pede que o empresário segure as pontas, que não demita. Promete mais medidas para os próximos dias.
Destaques da fala do presidente do BNDES, Gustavo Montezano:
9 - Os recursos do Tesouro para financiar a folha de pagamento serão repassados para o BNDES, mas é preciso de aprovação de lei, além da questão tecnológica e operacional. Por isso, o prazo de Montezano de liberação no início de maio para a folha de abril. Ainda tenta antecipar esse cronograma.
10 - As linhas sem cobrança de spread bancário (o custo extra além do juro da Selic de 3,75% ao ano) serão disponibilizadas para empresas sem restrição anterior de crédito. Os bancos repassadores que decidirão para quem liberam, mas terão que justificar as negativas para o Banco Central. Todos os bancos públicos e privados terão acesso à linha do BNDES. Para outras linhas de crédito, é possível consultar as taxas finais médias que estão sendo cobradas por Estado e segmento econômico.
11 - Reforçou que, nos próximos dias, serão anunciadas medidas para microempreendedores e informais. A linha de crédito divulgada na sexta é para pequenas e médias empresas, com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões ao ano.
12 - Recomenda que interessados nas linhas de crédito busquem os sites ou outros canais de relacionamento doa bancos. Ou seja, evitem ir às agências, mesmo que algumas estejam abertas
13 - BNDES está preparando crédito específico para empresas do setor aéreo, mas os recursos não serão para pagar credores financeiros.
14 - A partir de maio, além de bancos e cooperativas, as fintechs também poderão ser repassadoras de recursos do BNDES. Conselho Monetário Nacional autorizou para agilizar o crédito e aumentar a concorrência (taxas menores, talvez).
15 - Para a linha emergencial de R$ 2 bilhões para empresas do setor de saúde, já há 30 tomadoras mapeadas para receberem os recursos.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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