É relativamente raro, mas a renda fixa também registra prejuízos eventualmente. As chamadas rentabilidades negativas assustam os investidores, que buscam essas aplicações exatamente pelo perfil conservador.
Nas últimas semanas, esse fenômeno chamou a atenção de leitores da coluna Acerto de Contas e ouvintes da Rádio Gaúcha. Provocados por eles, consultamos o sócio da gestora de fundos Quantitas, Rogério Braga. Ele enfatiza que os fundos que acompanham a inflação e os pré-fixados oscilam com mais frequência, apresentando eventuais prejuízos.
— No entanto, os investidores se assustaram mais agora porque houve rentabilidade negativa em fundos que aplicam bastante em títulos privados, os DI e pós-fixados. Eles aplicam em debêntures, CDBs e letras financeiras — comenta Braga.
Alguns desses fundos tiveram rentabilidade negativa no final de outubro e novembro, observa o especialista. Ele lembra que, pela demanda forte ao longo de 2016 e 2017, muitas dessas aplicações foram lançadas. Com a alta injeção de recursos, os gestores compravam mais títulos, que foram ficando caros pelo aumento da procura.
— A partir do meio de 2019, os títulos começaram a se desvalorizar. Isso porque aumentou o número de resgates e os gestores passaram a vender os títulos para pagar essas retiradas.
Mas e daqui para frente? O sócio da Quantitas avalia que o ajuste já ocorreu, até excessivamente e que os títulos estão baratos.
— Ao contrário das crises, não é uma deterioriação. O mercado de crédito privado está saudável. As empresas estão apresentando resultados bons. É um ajuste temporário de créditos e não recomendo que os investidores resgatem.
Para o restante de novembro e dezembro, o Braga ainda acha que pode haver uma rentabilidade baixa. No entanto, vê uma tendência positiva para os próximos seis meses.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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