Esta quinta-feira (31) é o Dia Mundial da Poupança, uma data criada na Itália há quase cem anos para conscientizar as pessoas sobre a importância de guardar dinheiro. O caminho ainda é longo. Aliás, hoje temos de fazer novamente os cálculos da rentabilidade da caderneta. Isso porque o Banco Central reduziu à noite passada a taxa de juro Selic, que é referência da economia brasileira e usada como parâmetro para o retorno da poupança.
Queridinha dos brasileiros, a poupança tem retorno de 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial), que está zerada. Com o último corte, então, a rentabilidade anual da poupança caiu de 3,85% para 3,5%. E cairá mais, já que a Selic deve continuar sendo reduzida nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
Poupança com a queda da Selic: +3,50% ao ano
Inflação prevista para 2019: +3,29%
Poupança velha: +6,17% ao ano
A poupança só não está perdendo para a inflação porque a variação de preços está baixa. Se não, o dinheiro na caderneta perderia o poder de compra.
Apesar de perder a rentabilidade, a poupança ainda tem as vantagens de não pagar Imposto de Renda e nem ter taxa de administração. O saque do dinheiro também pode ser feito a qualquer momento. Segundo a Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), a poupança ainda está mais vantajosa do que fundos de investimento com taxa de administração a partir de 1% no curto prazo, para resgates até seis meses que geram imposto maior a pagar.
Leitores da coluna Acerto de Contas andam perguntando cada vez mais sobre a poupança "velha", referindo-se ao dinheiro depositado antes de 4 de maio de 2012. Nessa data, o governo federal mudou as regras de remuneração da poupança para a atual rentabilidade quando o juro é baixo, buscando evitar fuga de investidores de aplicações financeiras para a caderneta.
No entanto, o dinheiro que já estava aplicado manteve a rentabilidade. Então, a poupança "velha" paga hoje 0,50% ao mês, ou seja, 6,17% ao ano. É o dobro da inflação e um retorno que está ficando cada vez mais difícil de conseguir, ainda mais na renda fixa.
— A poupança "velha" hoje vale ouro. Quem tem dinheiro lá, deixa lá — comentou o consultor financeiro André Massaro em entrevista ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha).
No extrato bancário, os saldos das duas poupanças aparecem em separado. Quando é feito saque, o dinheiro sai da caderneta nova, com depósitos feitos após a mudança da regra. Só retira da poupança antiga, quando acaba o saldo da nova e também o da conta corrente, claro.
Leitores também perguntam se é possível depositar dinheiro na poupança antiga e aproveitar essa boa rentabilidade. Não. O que vale não é a conta aberta antes de 2012, mas o dinheiro que já estava nela quando as regras mudaram. Tudo que for depositado depois já é considerado "poupança nova".
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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