Dono da rede Havan, Luciano Hang se vestiu de super-herói para inaugurar a placa de "atrasômetro" na obra da loja de Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, ele reclama do atraso e atribui a situação ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
— Faz 150 dias que entregamos para o Daer a solicitação para que eles nos autorizassem a entrada e saída aqui. Somente agora conseguimos a viabilidade, mas não conseguimos o alvará. Aqui, está o nosso "arquiteto sofredor" que é "despachante de documento" — diz Luciano Hang, em parte do vídeo.
A coluna Acerto de Contas ligou para o empresário para entender melhor a situação. Hang acrescentou que o Daer está pedindo como contrapartida que ele construa uma rótula com onze semáforos na região. Segundo ele, o custo seria de R$ 2,5 milhões, o que representa 10% do investimento que a Havan faz para construir uma loja, que tem girado em torno de R$ 25 milhões.
— Não vou fazer. Se não mudarem a contrapartida, não vamos construir em Rio Grande —disse Hang para a coluna. Ainda no vídeo, o presidente da Havan lembrou que a ideia inicial era de que a loja estivesse funcionando ainda em 2019.
— Lamentavelmente, povo da cidade do Rio Grande, o que posso dizer para vocês que não vai ter loja em 2019. E se demorar muito, a gente tem 60 terrenos para colocar loja no Brasil, vocês vão ser a 5ª roda da carroça. Lamentável. Vai ficar para 2020, 2021... - disse Luciano Hang.
Em conversa com a coluna, o diretor de Expansão da Havan, Nilton Hang, reforçou a reclamação. Ele se queixou da burocratização para liberar o acesso.
— A intenção da marca é de ajudar o Brasil — complementou o diretor.
Atualização: A coluna entrou em contato com o Daer para um posicionamento. Na noite desta quinta-feira (31), o órgão enviou a seguinte nota:
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) esclarece que os estudos entregues pela empresa não atendem a, pelo menos, trinta requisitos para a devida avaliação técnica de viabilidade da obra e da segurança dos usuários da rodovia.
Alguns desses requisitos são básicos, como os projetos de terraplenagem, de pavimentação e de sinalização.
Também inexistia, no processo entregue ao Daer, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), ou seja, sequer havia a identificação de engenheiro responsável pelos estudos.
A Anotação de Responsabilidade Técnica só foi entregue ao departamento no último dia 14 de outubro. Três dias após, a autarquia emitiu um atestado de viabilidade do empreendimento. De posse desse atestado, a empresa pode encaminhar o pedido de alvará, que não é de responsabilidade do Daer.
Por fim, o Daer nega qualquer pedido de contrapartida no valor de R$ 2,5 milhões, conforme alegado pelo empresário Luciano Hang na reportagem. Como não foram apresentados itens básicos no processo, sequer foi possível calcular os quantitativos e orçar a obra.
Ainda sobre a obra
A obra de Rio Grande é, sem dúvida, a que tem gerado mais contratempos no Rio Grande do Sul para a rede de varejo de Santa Catarina. Em agosto, a construção também foi notícia na coluna Acerto de Contas. Na ocasião, estava também parada e o presidente da rede dizia que a determinação havia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O Iphan, no entanto, negou o embargo. Relembre: Obra parada da Havan em Rio Grande gera polêmica.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Siga Giane Guerra no Facebook
Leia mais notícias da colunista