Órgão que fiscaliza o mercado de capitais no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para investigar denúncias sobre a empresa 18K Ronaldinho, que colocava Ronaldinho Gaúcho como garoto-propaganda ou "embaixador". A instituição recebeu os registros e está analisando se o caso compete à comissão, ainda sem prazo para uma definição.
Além disso, foi aprovado na Câmara Federal um requerimento para ouvir Ronaldinho Gaúcho sobre o assunto pirâmide financeira em uma audiência pública. O requerimento para que o atleta compareça na casa é do deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e passou pela comissão que discute um projeto de lei do parlamentar sobre a regulação de moedas virtuais no Brasil.
Ainda segundo o deputado, a 18K Ronaldinho é alvo de representações ao Ministério Público Federal (MPF) por indícios de aplicação do golpe. O requerimento da Câmara dos Deputados também fala em chamar para a audiência representantes do MPF, da Unidade de Inteligência Financeira (antigo Coaf), da Polícia Federal e da Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB).
Segundo o site da 18K Ronaldinho, a empresa surgiu em 2015 como 18K Watches, um marca de relógios esportivos. Cita que o jogador depois virou o embaixador oficial. Acrescenta, no entanto, que, além das vendas dos produtos no modelo de MMN (marketing multinível), passou a operar com criptomoedas, arbitragem e operações na bolsa de valores, distribuindo lucros para os participantes.
Veja descrições da atividade da empresa no portal:
"Em 2019 um novo canal digital foi criado no mercado de Trading e Criptoativos com remuneração em multinível, assim nasceu a 18K Ronaldinho. O ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho é o nosso embaixador que por gratidão para sua torcida abraçou também essa missão do Brasil para o mundo!"
E:
"A empresa conta com seus próprios experts no mercado financeiro que potencializam todo o capital em Bahamas. Sede física de seu business center/gerenciamento financeiro em Bahamas , fábrica própria de relógios em Hong Kong e canal de distribuição/logística Miami-EUA."
Em uma apresentação para interessados, a proposta de negócio fala em retornos entre 0% e 2% ao dia em uma modalidade. Na outra, até 0,99% diário mais relógios. Os pacotes de investimento variam de US$ 30 e 12 mil. Há diversos bônus, incluindo aquele gerado por haver mais pessoas no negócio.
Advogado de Ronaldinho, Sérgio Felício Queiroz enviou nota à coluna Acerto de Contas dizendo que o contrato foi rescindido, mas o site e as redes sociais continuam usando a marca completa 18K Ronaldinho. Acrescentou que a imagem do jogador poderia ter sido usada pela empresa apenas para a venda de relógios.
"A relação que existia era cessão de imagem para venda de relógios e produtos.
Não havia autorização para utilização da imagem associada a bitcoins, etc.
Assim, rescindimos o contrato.", diz a mensagem.
Recentemente, no entanto, passou a circular nas redes sociais imagens de tabelas com propostas de investimentos associadas à 18K Ronaldinho. Em tempos de taxa de juro Selic em 5,5% ao ano, é oferecida rentabilidade superior a 28% ao mês. Os pacotes de investimento variam de R$ 120 a R$ 48 mil.
"Conto com você para fazer a maior empresa multinível do mundo", diz Ronaldinho em um vídeo de divulgação que está circulando junto com essas imagens, mas onde o jogador não chega a prometer retornos de investimento.
No Facebook, no entanto, uma postagem em nome de Marcelo Lara, presidente e fundador da 18K Ronaldinho, diz que essas imagens são falsas:
"A empresa não garante rendimentos diários. Na 18KRonaldinho, você pode comprar produtos e participar dos lucros (a empresa não promete lucros fixos ou contínuos).", diz trecho do texto.
A coluna Acerto de Contas tenta contato com a 18K Ronaldinho para mais informações. Lembrando que o marketing multinível é um modelo de venda direta, que traz pessoas de fora para participarem do negócio e distribui participação nos resultados. Não é ilegal. Já a chamada pirâmide financeira é um esquema de MMN sem um lastro real, o que gera a suspeita sobre a operação com criptomoedas pelas empresa. É considerada crime contra a economia popular.
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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