Meses após ter ameaçado cancelar investimentos no Brasil, a General Motors chamou os trabalhadores para retomar as negociações. Na tarde desta quarta-feira (21), haverá a primeira reunião oficial com o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, cidade onde fica o complexo da montadora no Rio Grande do Sul.
Em janeiro, após uma manifestação da direção mundial da GM de que os aportes no país estavam ameaçados pelo prejuízo que a operação vinha trazendo, começou o temor em relação aos investimentos da empresa. Com o susto, autoridades e trabalhadores passaram semanas negociando com diretores da montadora.
Em um determinado momento, a GM chegou a apresentar no Rio Grande do Sul 21 propostas para mudar a relação com os trabalhadores. Houve resistência e a montadora decidiu adiar a negociação, mantendo o que tinha sido acertado no acordo fechado em 2017 e com duração de dois anos. A trégua acabou e agora as conversas estão sendo retomadas.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari conta que foram apresentadas, novamente, 21 propostas. Nem todas são as mesmas de janeiro. Destaca o pedido de redução do PPR (plano de participação dos resultados) e a terceirização da atividade-fim, que engloba o metalúrgico de chão de fábrica.
— Estamos pensando, inclusive, em passar a negociar em separado com a GM e com as sistemistas. Até agora, o mesmo acerto vale para todos. Seria um acordo por fábrica — disse o sindicalista para a coluna Acerto de Contas, que já esteve em São Paulo recentemente conversar com os metalúrgicos de lá.
Para entender, a GM de Gravataí é um complexo. Dentro dele, está a unidade da montadora, que emprega quase 3 mil pessoas, segundo o sindicato. Um número semelhante de trabalhadores ficam nas sistemistas, como são chamadas as demais empresas que ficam no espaço e são fornecedoras da General Motors.
A General Motors foi, novamente, procurada pela coluna. Respondeu que não irá se manifestar.
Day off
Ainda nesta quarta-feirsa (21), está ocorrendo um day off na GM de Gravataí para parte dos trabalhadores do turno do dia. No comunicado interno ao qual a coluna teve acesso, está que o motivo é "o processo de estabilização da produção para o novo programa."
Em julho, a General Motors já havia realizado um day off na fábrica. A medida dispensou funcionários do segundo turno de produção. Na ocasião, a empresa não informou o motivo, mas fontes contaram que estavam ocorrendo quedas de energia que atrapalhavam a produção na montadora.