Entre as várias informações do anúncio do governo federal sobre o FGTS, duas chamaram muito a atenção da coluna Acerto de Contas e não tinham sigo protagonistas nas especulações prévias. Uma é - bem - positiva e a outra exige uma boa ponderação por parte do trabalhador.
A melhor notícia do dia foi a melhora na rentabilidade do fundo de garantia, que é baixíssima. O governo passará a distribuir 100% do lucro obtido pelo FGTS com quem tem conta. Até então, era 50%.
Para se ter uma ideia da mudança significativa, vamos pegar o exemplo de 2018. No ano passado, o FGTS "pagou" 3% mais 1,72%, que representa a metade do lucro. Se fosse 100%, seria mais de 3,4%. Ou seja, teríamos, cerca de 6,5% de rentabilidade, que é a taxa de juro Selic atual, que todo mundo aposta que cairá até o final de 2019 e é uma referência de retorno de investimentos em renda fixa. Além disso, fica bem acima da rentabilidade da caderneta de poupança em 2018, que foi de 4,5%.
A notícia é boa, mas serve para ponderar se valerá tirar o dinheiro do FGTS para colocar em outra aplicação financeira, até porque será limitado e qualquer passagem de ônibus ou estacionamento a mais já corrói essa vantagem. Claro que, na comparação com o juro de uma dívida atrasada que será paga, é praticamente certo que o saque do fundo é uma boa pedida. Ainda mais se for o cheque especial ou o rotativo do cartão de crédito, que são as dívidas mais caras.
Mas a coluna Acerto de Contas quer fazer um alerta que considera importantíssimo e se refere ao chamado Saque-Aniversário. Mesmo que limitado também e com um teto maior, brilha o olho do trabalhador a possibilidade de sacar um valor anual. Um salário a mais sempre vem bem, não é mesmo? O problema é que quem optar por essa modalidade não poderá sacar o saldo inteiro do FGTS quando enfrentar uma demissão sem justa causa. É uma condicionante imposta pelo governo.
É uma opção de risco, que deve ser considerado. O dinheiro do fundo de garantia costuma ser usado pelo desempregado para enfrentar o período em que busca uma nova colocação no mercado. Muitas vezes, até mesmo para bancar o início de um negócio. Aliás, essa é, inclusive, uma das missões do fundo de garantia.
Enfim, com tantas regras, tornou-se bem difícil dar uma orientação que sirva para todos os brasileiros sobre sacar ou não o dinheiro do fundo de garantia. A frase "cada caso é um caso" é perfeita para essa situação. Ou seja, muita calma nessa hora, analisando suas próprias finanças e sua perspectiva com o futuro