Supermercados do Rio Grande do Sul relatam forte procura de álcool 92% pelos consumidores. Clientes levam caixas inteiras do produto. No entanto, não é para usar na cozinha ou na limpeza, como é o costume. Nem para acender a lareira.
Os clientes estão usando o produto - que custa em torno de R$ 7 por litro - para abastecer o carro, já que a greve dos caminhoneiros provoca falta de combustível há dias. O relato é da Associação Gaúcha de Supermercados, que monitora com o setor o efeito da paralisação sobre o estoque de produtos.
Professor do Senai Automotivo, o engenheiro mecânico Anderson Antunes de Paulo explica que não haverá problemas no motor desde que o carro seja flex, ou seja, pode ser abastecido tanto com gasolina quanto etanol. Além disso, o álcool precisa ser acima de 90%, ou 90o, como aparecem na embalagem. Não pode ser aqueles com graduação de 40 ou 50.
— É igual ao etanol de posto. Na bomba, o álcool tem de 5% a 6% de água. O que é vendido no supermercado tem 8%. O motor nem nota a diferença — diz o engenheiro, que já coordenador projetos de carros a etanol em universidade gaúcha.
Assim como o álcool do posto, é preciso ter 500 ml de gasolina no tanque para arrancar quando o dia está frio. O engenheiro também indica deixar o carro ligado por 10 minutos para a injeção eletrônica entender que é álcool.
É preciso cuidado ainda com o transporte e armazenagem do álcool. Não deixa de ser uma substância de risco.
Atualização: O departamento jurídico da Associação Gaúcha de Supermercados avisa que há resoluções que proíbem a venda de álcool etílico 92,8 no varejo. A questão foi motivo de discussão judicial, mas a Agas alerta para o risco da venda por parte dos estabelecimentos.