Já não é novidade que os influenciadores digitais estão entre os chamados formadores de opinião, por mais que essa expressão esteja meio fora de moda – afinal, as redes sociais seriam a própria democratização da opinião, sem os "mediadores" tradicionais (e embora possamos especular que os donos dos algoritmos sejam os próprios mediadores). Mas cada vez mais a lógica dos influenciadores digitais está se tornando uma espécie de norma para qualquer pessoa que aspire ao sucesso, essa palavrinha mágica.
É preciso saber "se vender" no Facebook, Instagram, Facebook e LinkedIn, embora muitos não tenham ideia do que exatamente estão vendendo. Primeiro você bola uma estratégia para obter o maior número de seguidores, depois procura monetizar. Talvez lucre com um produto, um serviço, uma ideia. Talvez não lucre nada, mas é impossível resistir à tentação de experimentar. Depois de aprender os macetes da narrativa, você se torna um personagem, tipo herói, mas um herói profundamente humano, que se revela em sua fragilidade e aprende com os erros. O importante é parecer gente como a gente.
Ainda vamos estudar muito os efeitos dessa necessidade meio desesperada de se vender, de ser amado e bem-sucedido, de tentar, enfim, se salvar enquanto todo mundo parece estar se afogando. Há um senso de sufocamento que nos afeta silenciosamente. Tememos pelo futuro. E os boletos, meu Deus, que não param de chegar.
Se há uma coisa que os manuais de felicidade podem nos ensinar de verdade é que a vida e o trabalho requerem um significado. Você precisa saber por que faz o que faz e o que está reservando para o seu futuro e o das pessoas que ama.
Um exercício de imaginação pode ajudar: se um dia o dinheiro não for mais um problema, quem sabe devido a um bilhete premiado, o que você gostaria de fazer da vida? A maioria das pessoas pensaria em tudo o que poderia comprar. É compreensível, mas também insuficiente. O significado vem dos valores que você carrega e das coisas que valoriza: a família, o trabalho, as viagens, o voluntariado. É o momento de finalmente parar de se vender e começar a se doar.