A convicção da equipe de defesa de Ronaldinho e Assis é de que em breve a situação dos irmãos será revertida no Paraguai. Os advogados trabalham com a informação de ausência de provas por parte do Ministério Público, após a perícia feita no telefone de Assis.
Durante os 54 dias de prisão (incluindo o período na Agrupación Especializada, antes da ida para um hotel), o advogado gaúcho Sérgio Queiroz acompanhou o caso em todos os seus detalhes. Ele está no Paraguai desde o primeiro dia de prisão, e segue por lá fazendo o trabalho ao lado de advogados paraguaios contatados para auxiliar na defesa. Segundo ele, "não há uma vírgula sobre outros ilícitos" na investigação do Ministério Público do Paraguai.
Na segunda-feira (27), o promotor Marcelo Pecci concedeu entrevista para TV ABC Color, do Paraguai, e falou que Assis tinha conhecimento da confecção dos passaportes. A defesa reafirma que o empresário sabia da confecção, mas que não imaginava que os documentos eram falsos.
Após a repercussão da entrevista de Pecci, Queiroz apresentou a versão dos irmãos Assis Moreira. Este é relato, com detalhes importantes sobre a estratégia de defesa, que na próxima segunda-feira entrará com recurso pedindo a liberação imediata de Ronaldinho e Assis.
O momento em que Assis ficou sabendo dos passaportes
"Em novembro de 2019, o Wilmondes Lira (empresário responsável pelos passaportes) ofereceu para o Assis a possibilidade de um passaporte paraguaio. A esposa do Lira trabalhava no Paraguai, tinha negócios aqui e poderia conseguir esta documentação, e isto facilitaria eventuais negócios no país. Ele falou que teriam de fazer uma série de procedimentos. O Assis perguntou o que seria necessário, e mandou entre novembro e dezembro fotografias, cópias de identidade, certidão de nascimento e tudo que foi solicitado. Em dezembro, o Assis ainda perguntou se teria de ir ao Paraguai assinar alguma coisa. O Lira respondeu que avisaria. Passou o tempo, e tínhamos eventos que estavam contratados aqui no Paraguai desde o ano passado. Um deles era a inauguração de um cassino, que era com uma outra empresa. Além disso, o Assis tinha sido contratado para o lançamento de um livro. Aí, o Lira sugeriu para lançar o livro na Fundação da Dalia López. O Assis não tinha nem o telefone desta senhora. Ela esteve em janeiro no Rio para tratar de assuntos da Fundação e conheceu o Roberto e o Ronaldo, mas só isso. O Lira ofereceu o passaporte e o Assis aceitou. O Ronaldo nem sabia."
Momento da prisão
"Quando foram detidos no hotel, eles reafirmaram que não imaginavam que os passaportes poderiam ter conteúdo adulterado. Para eles foi surpresa. Na sexta-feira (06/,3) chegou a ser oferecido o critério de oportunidade, e eles voltariam ao Brasil. O Ministério Público quis investigar, por causa dos eventos da Dalia López. Fizeram a perícia nos telefones, e constou expressamente que só o Assis sabia do passaporte, e que ele não falou com a Dália, apenas com o Lira sobre este assunto. Ele só aceitou o passaporte. Está tudo na perícia do telefone. Diante disso, pedimos a transferência para prisão domiciliar, e o Ministério Público aceitou."
Falta de provas
"Na semana passada obtivemos cópias dos demais documentos da investigação, e em momento algum aparece algo das diligências que foram feitas além da perícia. O Marcelo Pecci (promotor) deu entrevista e referiu que não existe prova de qualquer outro crime além dos passaportes. O Assis sabia dos passaportes, mas não sabia que eram falsos. Se ele soubesse, o Ministério Público não aceitaria a transferência para prisão domiciliar. Não há uma vírgula dita pelo promotor da existência de qualquer outro ilícito e também não há nenhuma vírgula dizendo que eles sabiam que os passaportes eram falsos."