Na sexta-feira (17), Chapecoense e Success Sports assinaram um acordo em que a empresa, a partir de agora, vira investidora do clube, além de cuidar da gestão do futebol. O objetivo é a recuperação após o rebaixamento para a Série B em 2019. Além do futebol, o plano é captar recursos e trabalhar o marketing.
O novo diretor-superintendente da Chapecoense será o ex-centroavante Christian. Ele terá um papel fundamental no projeto, pois será o representante da empresa no clube.
A Success Sports, do empresário Igor Zveibrucker, cuida da carreira de jogadores como Jean Pyerre (Grêmio), Bruno Cortez (Grêmio), Yago Alves (São Paulo), Léo Moura (Botafogo-PB), Bruno Martins (Criciúma), entre outros.
Para entender melhor como funcionará o trabalho a partir de agora, conversei com Christian, que teve uma carreira vitoriosa em clubes como Inter, Grêmio, PSG, Bordeaux, Galatasaray, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Seleção Brasileira. Aos 44 anos, está muito motivado com o novo desafio.
Qual será exatamente a sua função na Chapecoense?
O cargo é o menos importante. Importante é a oportunidade que apareceu para que as duas partes envolvidas no processo possam crescer. Tanto a Sucess quanto a Chapecoense têm perfis de gestão que foram se encontrar justamente em um momento de dificuldade no mundo inteiro. Não estou alheio ao que está acontecendo em função do coronavírus. Estive na Inglaterra durante o Carnaval quando houve a primeira morte foi confirmada no Reino Unido. Estávamos trabalhando e o momento do acordo foi agora. Mas te respondendo o cargo será o de diretor-superintendente no intuito de contribuir com minha experiência ao departamento de futebol já consolidado na Chape.
Após jogar em grandes equipes do mundo, como será essa nova experiência? Tem algum jogador, técnico ou dirigente que foi importante em todo esse processo de formação até chegar neste ponto?
A experiência espero que seja a melhor possível. Na Europa é mais antigo e estruturado o desenvolvimento de ex-jogadores com funções diretivas dentro dos clubes. Da minha experiência como jogador tentando enxergar o que é o futebol hoje, creio que o Paulo Autuori seja o cara com quem mais aprendi. Com 16 anos ele foi meu treinador no Marítimo. Anos depois o reencontrei no Inter, em 1999 e ele, observando algumas coisas no vestiário, me deu a braçadeira de capitão. Mais adiante voltamos a nos encontrar no São Paulo onde fomos campeões do mundo em 2005. O Paulo é acima da média.
A ideia é morar em Chapecó? Como você imagina que será a relação com a comunidade, que foi tão importante para manter a Chapecoense, depois da tragédia de 2016?
Estivemos reunidos na última sexta-feira com a diretoria da Chapecoense para selar o acordo, mas ainda existem coisas a serem definidas. Temos tempo para trabalhar algumas questões e hoje é possível interagir mesmo à distância. Sobre a comunidade isso é perceptível já no contato com as pessoas do clube. É uma outra realidade e uma outra relação entre cidade e time. Não há a dualidade como aqui em Porto Alegre, por exemplo. Eles dizem lá que “São Chape” e ser Chape é ser diferente dos demais. Vamos começar a entender mais isso à medida que estivermos mais próximos da cidade, do clube e da torcida.
Naturalmente agora se esperam contratações. Como será este trabalho? É possível buscar jogadores na dupla Gre-Nal, ou até no exterior, pela relação da Success Sports?
Hoje em dia é possível ter acesso a material de qualquer jogador no mundo num instante. E é uma área que eu gosto faz tempo. Existem muitos mercados a serem explorados. Precisamos detectar quais são as necessidades da comissão técnica e a partir daí ir em busca. A Success tem aberto várias portas de conexões não só aqui no Brasil. É uma empresa com desprendimento e que está no início de sua trajetória. A parceria com a Chape como disse no início é uma ótima oportunidade.