Neste domingo (14), o Atlético-MG estará em Chapecó, para enfrentar a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo vai marcar também o reencontro de Rui Costa com a cidade. O diretor, que começou a carreira de executivo de futebol no Grêmio, e hoje comanda o futebol do Galo, foi o responsável pela montagem do grupo após a tragédia com o avião da Chapecoense no final de 2016.
A passagem por Chapecó foi marcante, por isso o final de semana será especial. Em um bate-papo com a coluna, Rui Costa relembrou o enorme desafio da montagem de um novo grupo, em 2017, para colocar a Chapecoense novamente em campo.
O que significa voltar a Chapecó, agora como diretor do Atlético-MG?
- Voltar para Chapecó sempre tem um valor muito grande para mim. É a possibilidade de reencontrar amigos, pessoas que marcaram a minha vida pessoal e profissional, revivendo momentos importantes do grande desafio que tivemos. Claro que agora represento as cores do meu clube, estarei com a minha equipe e buscando o melhor, que é a conquista dos três pontos. Mas é evidente que Chapecó e a Chapecoense sempre tem um peso muito importante na minha vida.
Você chegou logo depois do acidente, qual foi o principal desafio para, naquele momento, conseguir montar um grupo novo e colocar o time em campo?
- Talvez o maior desafio que tive, junto com meus companheiros, foi ser racional sem perder a sensibilidade de entender que para as pessoas que estavam no meu entorno era muito difícil trabalhar normalmente. E a gente precisava trabalhar de forma muito intensa. Era muito comum eu abrir uma porta de uma sala para falar de contrato, de atletas que estavam chegando, e ver pessoas que estavam chorando pela perda de amigos queridos. Eu tinha que ter a sensibilidade de entender que necessitava trabalhar, mas que precisava ter a consciência do que as pessoas estavam passando. Fiz um movimento muito mais emocional do que profissional, que foi pertencer ao que estava acontecendo. Usei muito esta palavra enquanto estive em Chapecó. O pertencimento foi fundamental para que pudesse ser o profissional que sempre fui, mas sem abrir mão de compreender o que as pessoas estavam passando. Esse foi o grande desafio. E depois fazer todo mundo acreditar que era possível colocar um time em campo e trazer o torcedor para o estádio, que era possível voltar a ser um clube de futebol. Essa foi uma marca do período que fiquei lá.
Você ainda mantém contato com as pessoas da cidade e como será o reencontro?
- Por todos os clubes que passei, procuro agregar alguma coisa. Mas a questão da Chapecoense, ela ultrapassa a relação contratual que tive lá. O que nós vivemos lá não se repete. A forma como nós tivemos que trabalhar não é comum. Tenho queridos amigos em Chapecó. Meu irmão me acompanhou nesse período todo e segue morando na cidade. Tenho muito carinho por todos da direção do clube. Fiquei quase dois anos com a minha família e a comunidade sempre me tratou muito bem. Somos adversários no final de semana, quero ganhar e seguir a recuperação do Atlético-MG, mas tenho um respeito e admiração enormes pela Chapecoense.
A janela de transferências é um momento agitado do futebol brasileiro, como o Atlético-MG vai sair desse período?
- O Atlético-MG está fortalecido, conseguimos fazer um planejamento adequado visando utilizar esse período para o aprimoramento da equipe. Estamos adequando quantidade de atletas. Por enquanto, não existe possibilidade de perder jogadores, até agora não recebemos nenhuma proposta formal. O mercado ainda está se mexendo, recentemente o nosso lateral Guga teve um desempenho muito bom na seleção de base, o Alerrandro está sendo observado. Mas acho que teremos o segundo semestre com uma equipe forte e com poucas saídas.